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Inhambane livre da Covid-19, será?

14 de agosto de 2020

As autoridades da saúde esclarecem que o anúncio não significa que não possa haver casos assintomáticos. Académicos questionam gestão da Saúde na província.

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Coronavirus- COVID-19 - Mikrografie
Foto: Imago/NIAID

A província de Inhambane, no sul de Moçambique, é a primeira região declarada livre da pandemia da Covid-19 no país.

A província já teve cinquenta casos confirmados do novo coronavírus. Mas na quarta-feira (12.08), todos foram declarados recuperados pelo Ministério de Saúde. Não foram registados óbitos por Covid-19 em Inhambane, segundo a mesma fonte.

Entretanto, Sônia Maesso, médica-chefe provincial em Inhambane, disse à DW África que as pessoas não devem negligenciar as devidas cautelas, porque o perigo ainda não passou, só porque não foram registados casos novos nos últimos dias. 

"Não temos casos é porque não temos casos diagnosticados. Mas não significa que não existem casos assintomáticos na província. As pessoas devem continuar a seguir as medidas de prevenção com o uso de máscaras e lavagem das mãos. Penso que as medidas mantém-se. Não alteraram," alerta.

Mosambik Cabo Delgado | Coronavirus
Pandemia da Covid-19 mudou a rotina dos MoçambicanosFoto: DW/D. Anacleto

Críticas à gestão da Saúde

Solane Macamo, académico em Inhambane, diz ter algumas dúvidas e considera que os dados anunciados pelas autoridades sofreram interferência política.

"Se nos dizem que Inhambane está livre dessa doença, olha, a doença já parou de passar de pessoa para pessoa? Os médicos testaram todas as pessoas? O que realmente querem nos dizer, quando dizem que Inhambane está livre dessa doença? Qual é o dado científico correto que dá esse indicativo?" questiona.

"Para mim não parece bem claro. Os dados com os quais se avança parecem mais políticos," disse Macamo à DW África.

Gesundheitsministerium Mosambiks
Ministério da Saúde em MaputoFoto: DW/J. Beck

Carlos Machava, outro académico, também tem dúvidas sobre pessoas que alegadamente recuperaram sem tomar nenhuma medicação. 

"Fico sem perceber. Se pessoa recupera, recupera-se de quê sem tomar nenhum medicamento?" questiona.

"Conheço até algumas pessoas que foram acusadas com a doença, aqui em Inhambane. Fui ter na casa de um deles," relata, acrescentando a conversa que teve com um doente.

"Disse-lhe: 'Você, irmão, recuperou. Está a tomar o quê?' Ele disse: 'Só fiquei em casa sem fazer nada'. Mas quando voltei a segunda vez, disseram que já não tinha a doença," descreve Machava.

"Há aguma coisa que o Ministério da Saúde deve explicar," afirma o académico.

Já Joaquim Chitata, ambientalista em Inhambane, diz que é preciso fortificar as medidas de prevenção num processo contínuo.

"Somos uma província em que o trânsito de pessoas é frequente. Isso é apenas uma situação em que estamos a cumprir com as medidas, mas temos que fortificá-las para continuarmos com casos zero. Esse tem que ser um processo contínuo, participativo e coletivo," conclui.

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