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Irão inicia produção de urânio enriquecido a 20%

kg | com agências
4 de janeiro de 2021

O anúncio provocou reações negativas da comunidade internacional. UE alerta que produção viola o acordo nuclear de 2015. O Governo de Israel garantiu que não vai permitir a produção de armas nucleares no Irão.

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Usina de produção nuclear no Irão
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/A. Taherkenareh

O Irão iniciou esta segunda-feira (04.01) o processo para enriquecer urânio a uma pureza de 20%, na usina de Fordo, violando o acordo nuclear firmado em 2015.

O porta-voz do governo iraniano, Ali Rabiei, explicou que o processo começou após a ordem do Presidente iraniano, Hassan Rouhani, para implementar uma lei recentemente aprovada pelo Parlamento.

A notícia gerou reações negativas da comunidade internacional. A diplomacia da União Europeia (UE) disse que se o Irão concretizar a produção de urânio enriquecido a 20%, como anunciado pelas autoridades iranianas, ficará "consideravelmente desviado" do acordo nuclear, o que terá "sérias consequências" no pacto.

"Nós tomamos nota do anúncio feito pelas autoridades iranianas [...], mas se este for concretizado poderá representar um desvio considerável dos compromissos nucleares no Plano de Ação Conjunto Global com sérias consequências", afirmou o porta-voz da diplomacia da UE, Peter Stano, na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, em Bruxelas.

Peter Stano realçou, em nome do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borell, a "importância de evitar passos que podem colocar em causa a preservação do acordo nuclear".

Desrespeito ao pacto

Segundo o o acordo nuclear assinado em 2015 com Estados Unidos da América, China, Rússia, Alemanha, França e Reino Unido e que limita o programa nuclear iraniano para impedir que o país desenvolva uma arma atômica, o Irão não pode enriquecer urânio a um nível superior a 3,67%.

 Hassan Rouhani Präsident Iran
Hassan Rouhani, Presidente do IrãoFoto: Alexei Druzhinin/Sputnik/AFP

O país já ultrapassou esse limite máximo de pureza em 2019, mas apenas a 4,5%, como retaliação pela saída dos EUA do pacto um ano antes e pela reimposição de sanções por parte do Governo norte-americano. Entretanto, o enriquecimento de 20% está ainda muito abaixo dos 90% necessários para a produção de uma bomba nuclear.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, assegurou que não permitirá o desenvolvimento pelo Irão de armas nucleares. "A decisão do Irão em prosseguir a violação das suas obrigações, aumentar o enriquecimento de urânio e promover capacidades industriais para o enriquecimento no subsolo apenas tem por explicação o seu desejo de avançar até ao seu objetivo de desenvolver um programa nuclear militar", assinalou Netanyahu na sua conta na rede social Twitter. "Israel não permitirá que o Irão desenvolva armas nucleares", reafirmou. 

Na perspetiva de um regresso ao acordo nuclear por Joe Biden após assumir a Presidência dos EUA prevista para 20 de janeiro, Netanyahu defendeu em novembro a manutenção da "política intransigente" contra a República Islâmica, e que representa um dos assuntos potencialmente mais complicados nas relações entre as autoridades israelitas e a nova administração de Washington. 

Dias após estas declarações, o Irão denunciou o assassínio em Teerão do destacado cientista nuclear Mohsen Fajrizadeh e acusou Israel, que não assumiu a responsabilidade pelo ataque. 

Como se posiciona a UE na tensão entre os EUA e o Irão?