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"JLO, em 2022 vais gostar": Angolanos contestam Presidente

Manuel Luamba
1 de agosto de 2020

Campanha nas redes sociais apela à alternância política nas próximas eleições em Angola, acusando o Presidente de não cumprir promessas. Mas faltam propostas concretas, dizem os críticos.

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Foto de arquivo (2018): Protesto de jovens desempregados em LuandaFoto: DW/B. Ndomba

O movimento "JLO, em 2022 vais gostar" tem cada vez mais adeptos nas redes sociais em Angola. "A falta de vontade política do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, de resolver os problemas básicos da população, principalmente no que diz respeito às promessas eleitorais", é a razão apontada por Luston Mabiala para se juntar ao protesto.

Mabiala considera que as expectativas criadas aquando da sua eleição, em agosto de 2017, estão a esgotar-se a cada dia que passa: "A inserção dos jovens angolanos no mundo do emprego, o fortalecimento das escolas para uma formação qualificada e o combate à fome e à pobreza" continuam por cumprir e a vida da população, afirma, está cada vez mais difícil.

"Há dois anos, os bens alimentares registavam preços baixos. Por exemplo, 1kg de feijão estava abaixo de 200 kwanzas e hoje custa 900", aponta.

Também Panzo Luís, outro cidadão que aderiu à "febre" no Facebook, manifesta o seu descontentamento em relação à má governação do partido no poder: "Queremos uma Angola livre e abençoada em todos os níveis hierárquicos. Estou cansado desta má governação. Quero abnegar o MPLA de nos governar em 2022", afirma. 

 "Se o Presidente João Lourenço estivesse a governar bem, não estaríamos insatisfeitos e não teríamos aderido em massa a esse projeto. Por exemplo, onde está a diversificação da economia?", questiona. 

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Protestos em abril, em Luanda, durante o estado de emergência, contra a governação de João LourençoFoto: DW/M. João

Slogans não bastam

Por um lado, há os cidadãos insatisfeitos com a atual governação, por outro, os apoiantes do Presidente João Lourenço dão voto de confiança ao chefe de Estado. É o caso de Sérgio Conceição: "Em 2022, vamos mais uma vez voltar a festejar; em 2022, vamos mais uma vez voltar a sorrir e dizer bem alto que somos os vencedores, e vamos gostar; em 2022, vamos voltar a mostrar a nossa força, a nossa garra e a nossa enorme capacidade, e vamos gostar; em 2022, vamos voltar a vencer", escreveu o angolano no Facebook. 

À DW África, o ativista cívico Jeremias Benedito "Dito Dali", disse que essa campanha revela o nível de descontentamento que se regista no seio da juventude face ao desempenho do MPLA, partido no poder desde 1975. Ainda assim, está reticente quanto aos resultados. "Essa manifestação é um sinal, é um bom recado ao Presidente João Lourenço. Mas ela peca por não se fazer acompanhar com um plano de ação, porque não são os slogans que vão alterar o quadro político de Angola em 2022. Isso não remove o MPLA do poder. Precisamos ser atuantes", explica.  

Oposição "a engolir sapos"

Na semana passada, o MPLA e os partidos políticos da oposição fizeram uma substituição de alguns dos seus membros na Comissão Nacional Eleitoral (CNE). Nos últimos tempos, pouco ou quase nada se ouve sobre a contestação da oposição angolana em relação à indicação de Manuel Pereira da Silva "Manico", numa altura em que faltam pouco menos de dois anos para a realização das eleições gerais. O novo presidente da CNE está arrolado num processo judicial.

"Nós estamos a ver Adalberto a evitar engolir sapos", diz "Dito Dalí". "Mas o primeiro sapo que [o presidente da UNITA] Adalberto Costa Júnior engoliu é o ‘Manico'. Já está confirmado. Já está conformado com a presença do ‘Manico' na CNE", considera.

"Isso significa que esta gente não está preparada para conquistar o poder. Penso que estão mais interessados nos cargos de deputados e na sua presença na CNE", conclui. 

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