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Jovens moçambicanos têm medo de ir para a guerra

Nelson Carvalho (Nampula)24 de janeiro de 2014

O recenseamento do Serviço Militar obrigatório na província de Nampula, que espera inscrever perto de 19 mil jovens, pode ser comprometido devido a fraca afluência aos locais instalados para o alistamento.

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Foto: ALEXANDER JOE/AFP/Getty Images

Os choques entre forças do governo e combatentes da RENAMO começaram a se estender para diversas regiões e, ao mesmo tempo, provocam receio nos macebos, prejudicando o recenseamento militar. Na última semana havia sido inscritos cerca de dois mil candidatos.

Nos postos de alistamento militar, o movimento é fraco. Os locais de inscrição estão instalados em postos administrativos de toda a província de Nampula. A DW África conversou com alguns mancebos. Os jovens temem ser incorporados imediatamente nas frentes de combate na província de Sofala.

Combates têm sido registados em Sofala, nas áreas de Muxungue e Satunjira, e em Inhambane, precisamente em Homoíne. A tensão pode fazer com que não seja alcançada a meta de 19 mil recrutas a serem inscritos, prevista para este ano. Mendes Francisco foi ouvido pela DW África no posto de alistamento militar obrigatório de Muatala.

Medo

Ele acha que a fraca afluência se deve a tensão político-militar em Muxungue. O jovem afirmou, por outro lado, que muitos, ao se inscreverem, têm por objectivo encontrar um emprego e não necessariamente se envolver em confrontos militares.

"É que normalmente os jovens não querem cumprir o serviço militar por causa da guerra. O interesse [é colaborar com] a sua pátria e tentar ajustar a vida para o futuro".

Augusto Mulala disse à DW África que muitos têm medo de morrer, uma vez que são mostrados cenários de confrontos violentos nos vários canais televisivos do país, onde cidadãos e membros das forças governamentais são mortos por homens supostamente da Renamo.

"Muitos têm medo da guerra e de serem mandados para Muxungue quando se recensearem. Quando assistem pela televisão o que está a acontecer por lá, muitos não têm aquela coragem".

Entretanto Carlos Lâmina, delegado do Centro Provincial de
Recrutamento de Nampula, minimizou a situação. Ele diz que, nos 21
distritos da província, o processo está a decorrer sem sobressaltos. Lâmina afirma que, desde o inicio do processo, já foram inscritos mais
de nove mil candidatos, com maior percentagem nas cidades.

Exigências

"O processo corre em bom ritmo. Estamos em números que consideramos de boa produção. Temos recenseados mais de 9,3 mil jovens, uma cifra de 94%. Estamos a falar de um momento que as aulas ainda não iniciaram", explica Lâmina.

Noutro ponto o delegado fez saber que, os jovens moçambicanos não têm como ficar de fora do Recenseamento Militar Obrigatório devido à guerra, uma vez que, para obter emprego, estudar na universidade entre outros é exigida a situação militar regularizada.

"Para que o jovem tenha emprego em Moçambique ele precisa apresentar o documento que ateste que a sua situação [com o recenseamento militar] está regularizada. Para ter carta de condução e se inscrever na universidade, também é necessária a regularização."

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