1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Kaboré eleito Presidente do Burkina Faso

Maria João Pinto / K. Gänsler / RTR / AFP / Lusa1 de dezembro de 2015

Roch Marc Christian Kaboré obteve maioria absoluta na primeira volta das presidenciais de domingo (29.11), com 53,5% dos votos. Um virar de página num ano de transição tensa, que pôs fim a 27 anos do regime de Compaoré.

https://p.dw.com/p/1HF9Z
Foto: DW/K. Gänsler

Kaboré surpreendeu o país, que dava como certa a realização de uma segunda ronda. O presidente da Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI), Barthélémy Kéré, que anunciou os resultados na madrugada desta terça-feira (01.12), elogia os 14 candidatos. "Felicito todos os candidatos destas eleições. São todos vencedores pelas suas campanhas eleitorais, a sua justiça, tolerância e respeito pelo outro."

A vitória de Kaboré, antigo primeiro-ministro do Presidente deposto numa revolta popular, Blaise Compaoré, é um momento marcante na história do país da África Ocidental. Este é o primeiro novo Presidente eleito após décadas de governos compostos por personalidades que chegaram ao poder através da força, desde que o Burkina Faso se tornou independente de França, em 1960.

Blaise Compaoré Präsident Burkina Faso
Blaise Compaoré foi derrubado quando tentava alterar a ConstituiçãoFoto: AP

O principal rival de Kaboré, o antigo ministro das Finanças Zéphirin Diabré, obteve apenas 29,7% dos votos. Diabré deslocou-se à sede de campanha de Kaboré para felicitá-lo pessoalmente pela vitória eleitoral.

No domingo, o candidato da União para o Progresso e a Mudança, de 56 anos, ainda acreditava que iria vencer as eleições. "Viajei por todo o país e conversei com muitas pessoas. A população quer mudar. E o meu programa promete esta mudança. Presumo que a maioria vai votar em mim", disse então.

Última etapa da transição

As eleições de 29 de novembro foram a última etapa de uma transição liderada por Michel Kafando, que não era candidato. Deveriam ter tido lugar a 11 de outubro, mas foram adiadas na sequência de uma tentativa de golpe de Estado liderada pelo Regimento de Segurança Presidencial, agora desmantelado. Rram, por isso, aguardadas com grande expectativa.

A votação de domingo marcou também o fim do longo "reinado" do Presidente Blaise Compaoré. Liderou o país durante 27 anos e, no ano passado, anunciou uma mudança na Constituição para poder candidatar-se novamente às presidenciais. Mas a população saiu à rua e forçou a deposição do ex-chefe de Estado, em outubro de 2014.

"Uma eleição sem Blaise Compaoré é realmente um feito histórico neste país. E, na minha opinião, esta é a votação mais democrática", sublinha o advogado Ollo Pooda.

[No title]

Também os observadores elogiaram a boa organização das eleições. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, saudou o escrutínio pacífico e a participação "entusiasta" do povo do Burkina Faso – que considera ser a prova de um forte compromisso com o processo democrático.

Resta saber que mudanças trará a vitória de Kaboré ao país. O vencedor das presidenciais, dizem vários analistas, está muito próximo do antigo regime. E é acusado de oportunismo pelos seus adversários. O líder do Movimento Popular para o Progresso foi primeiro-ministro entre 94 e 96 e presidiu ao Parlamento durante 10 anos no Governo de Compaoré. Mudou de partido pouco antes da queda do regime. "Temos uma total ruptura com o antigo sistema. Isso é passado, nós olhamos para o futuro", promete.

Saltar a secção Mais sobre este tema