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Lampedusa e vacina contra malária em destaque na imprensa alemã

Da Rocha Alves Sampaio, Maria Madalena11 de outubro de 2013

A tragédia de Lampedusa, que vitimou sobretudo africanos, o Ruanda e a primeira vacina contra a malária que pode chegar ao mercado a partir de 2015 são alguns dos temas comentados esta semana em jornais em língua alemã.

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A tragédia ao largo da ilha italiana de Lampedusa, que veio reacender as críticas à política de refugiados da União Europeia (UE), "provavelmente não será a última", escreve o Neue Zürcher Zeitung, recordando que na Líbia há dezenas de milhares de imigrantes à espera de uma oportunidade para tentar chegar à Europa. As vítimas do naufrágio de 3 de outubro, que fez mais de 300 mortos, eram maioritariamente da Somália e da Eritreia.

"As crises no Norte de África só bloquearam temporariamente as rotas migratórias da África através do Saara", explica o jornal suíço. Segundo a Frontex, a Agência Europeia de Gestão das Fronteiras Externas, e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), aumentaram os fluxos de refugiados da Síria e do Corno de África para a Líbia e de lá para a Itália".

Segundo o jornal, esta "hemorragia" na Eritreia deve-se ao ditador Isaias Afeworki. Neste país, rapazes e raparigas são recrutados a partir dos 15 anos para um serviço militar que pode durar dois anos regulamentares. Os soldados eritreus também são obrigados a trabalhar em quintas do Estado e na construção de estradas.

Outro jornal, o Berliner Zeitung, refere-se à Eritreia como a "Coreia do Norte de África", uma comparação que é frequente nos meios de comunicação social. Todas as críticas são abafadas, sublinha o jornal, lembrando que haverá nas prisões do país mais de dez mil prisioneiros políticos.

O Handelsblatt critica a União Africana (UA) por nada fazer para livrar o continente africano dos numerosos déspotas. O jornal económico dá algumas dicas para promover o desenvolvimento de África e travar a emigração. Defende, por exemplo, a redução da ajuda ao desenvolvimento que corrompe as elites e paralisa o continente. Em vez disso, é preciso promover o comércio com África, o que implica abolir as barreiras comerciais.

"Europa não é um paraíso"

Em Berlim, Die Tageszeitung encontrou Johnson Takyi, do Gana, num acampamento de protesto montado há um ano por refugiados numa praça da capital alemã.

O ganense, que também passou por Lampedusa antes de chegar à Alemanha, contou ao jornal sobre a morte do irmão, que vivia na Líbia. Trabalhava nos estaleiros para alimentar a mulher e os dois filhos que tinha deixado no Gana.

O sonho do seu irmão era chegar ao Velho Continente. Johnson Takyi ainda tentou alertá-lo para não fazer a travessia até à Europa, "que não é o paraíso que todos imaginam", sublinhou. "Não há trabalho e as pessoas têm de morar na rua", acrescentou. Ainda assim, o irmão decidiu partir num barco para a Europa. Morreu afogado. Foi o pai de Johnson que lhe deu a notícia.

EUA suspendem ajuda ao Ruanda

A imprensa alemã também faz referência à decisão dos Estados Unidos de suspender a sua ajuda militar ao Ruanda. Die Tageszeitung diz que os norte-americanos não tiveram escolha, tendo em conta as provas do recrutamento de crianças ruandesas pelos rebeldes do Movimento 23 de Março, o M23.

Juridicamente, os Estados Unidos são obrigados a suspender todas as formas de ajuda a exércitos que recrutam combatentes com menos de 18 anos.

Na lista negra deste ano estão também países como a Síria, Myanmar, Chade, Iémen e Sudão do Sul.

Até aqui, escreve ainda o jornal, o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, era visto como um dos mais próximos aliados de Washington. Atualmente, o chefe de Estado ruandês é posto no mesmo patamar do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

Avanço na luta contra a malária

Depois de testes clínicos considerados "encorajadores", a primeira vacina contra a malária poderá chegar ao mercado já em 2015. O anúncio foi feito na terça-feira (08.10), numa reunião médica em Durban, na África do Sul, pela farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK), que desenvolve a vacina há três décadas. Os ensaios clínicos sobre a eficácia da vacina incluíram 15 mil crianças em sete países africanos.

A nova vacina poderá salvar as vidas de centenas de milhares de crianças, sublinha o Frankfurter Allgemeine Zeitung, num artigo intitulado "Importante conquista na luta contra a malária". Para as mais de 600 mil pessoas que todos os anos são infectadas com malária em África, a doença tropical é fatal. A maior parte das vítimas tem menos de cinco anos.

A GSK vai agora pedir uma primeira aprovação científica europeia para a vacina, batizada como "RTS,S". Apresentada como a mais avançada, a vacina está a ser ensaiada numa parceria com a Malaria Vaccine Initiative (MVI), que é apoiada pela Fundação Bill e Melinda Gates.