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Luaty Beirão decidiu continuar em greve de fome

António Rocha20 de outubro de 2015

O ativista angolano Luaty Beirão vai continuar em greve de fome apesar de diligências dos familiares e advogados para que suspenda o protesto. O seu estado de saúde continua crítico.

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Foto: DW/J. Carlos

Nem os advogados nem a família de Luaty Beirão conseguiram demover o ativista angolano para suspender a greve de fome que completou hoje 30 dias. Luaty continua a exigir às autoridades judiciais angolanas que aguarde em liberdade o julgamento cujo início está marcado para o dia 16 de novembro.

A notícia foi conhecida esta tarde, quando o advogado de Luaty Beirão, Luís Nascimento disse à agência de notícias Lusa que o seu constituinte decidiu continuar em greve de fome, "frustrada que foi a tentativa de demover o ativista angolano do seu protesto" iniciado há um mês.

Também a família de Luaty tentou demovê-lo da greve de fome, mas segundo a sua esposa Mónica Almeida, ao receber a notificação ele manteve a vontade de prosseguir com a greve de fome, exigindo aguardar em liberdade, até ao início do julgamento, a 16 de novembro, conforme prevê a lei angolana para este tipo de crime.

Julgamento marcado para iniciar no dia 16 de novembro

Os advogados pretendiam demover Luaty Beirão deste protesto, tendo em conta a notificação, na segunda-feira (19.10) , do início do julgamento da acusação da preparação de um golpe de Estado e de um atentado contra o Presidente angolano (juntamente com mais 16 arguidos), previsto para 16 a 20 de novembro, no Tribunal Provincial de Luanda.

A recusa de Luaty Beirão de suspender a greve de fome não surpreendeu os seus amigos e ativistas porque em declarações à DW África, Raúl Mandela disse que esta não foi a primeira tentativa do género. "Não foi a primeira vez que os advogados e outras pessoas tentaram demover o Luaty da sua posição concernente à greve de fome. Mas ele quando defende uma causa vai até ao fim”.Segundo o ativista Mandela a posição do Luaty tem a ver muito com a coerência que o ativista sempre defendeu em qualquer das causas que abraçou. “O Luaty é coerente e uma pessoa com posição própria e forte. Ele e todos nós vamos responsabilizar o Presidente José Eduardo dos Santos cujo regime viola os nossos direitos como cidadãos. Pelo facto o Luaty com a sua greve de fome só está a exigir aquilo que está plasmado na Constituição de Angola”.

Luaty Beirão
Luaty BeirãoFoto: Central Angola

"Não esperava uma recusa ao pedido de suspensão da greve"

Já um outro grande amigo de Luaty Beirão e também ativista cívico, Jeff Lufendo disse à DW África que dado ao crítico estado de saúde de Luaty não esperava uma recusa ao pedido de suspensão da greve de fome. “Confesso que pelo seu estado físico sou daquelas pessoas que gostaria de dar ao Luaty um conselho no sentido de desistir dessa greve de fome porque já fez muito, nomeadamente em termos de pressão para que todos os jovens sejam libertos. Continuar com a greve de fome no estado em que se encontra e que cada vez piora, como amigo acho que nessa altura deveria interromper a sua ação”.

E o ativista Jesse Lufendo aproveitou para fazer um apelo ao Presidente de Angola José Eduardo dos Santos. “O mais alto magistrado da Nação angolana deveria tomar imediatamente uma decisão no sentido de dar ordens aos serviços competentes para libertar todos os ativistas, incluindo todos aqueles que decretaram a greve de fome porque se trata de uma situação muito grave. Deve-se ter em conta o estado de saúde dos detidos que de dia para dia está a piorar com essa greve de fome”.Embora tenha criticado o governo angolano pela sua postura face ao respeito pelos direitos dos cidadãos, Jesse Luffendo, espera contudo que as autoridades libertem imediatamente todos os ativistas detidos. “Se fosse um governo humano deveria libertar todos os presos políticos que se encontram detidos injustamente”.

Luaty Beirão vai continuar em greve de fome

Perguntado se acredita na libertação imediata dos jovens ativistas detidos, Jesse Luffendo afirma que “não é uma questão de acreditar ou não porque a liberdade que estamos a exigir é que motivou a greve de fome, a violação dos seus direitos dentro das cadeias, a injustiça que envolve todo este processo, etc. .Portanto como ativista cívico só tenho que acreditar que vão ser postos em liberdade para que reencontrem as suas famílias e os amigos”, concluiu o ativista Luffendo.