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RENAMO quer esclarecimento da morte de Sofrimento Matequenha

Leonel Matias (Maputo)
29 de dezembro de 2020

RENAMO exige uma investigação ao rapto, tortura e morte do ex-deputado Sofrimento Matequenha. Líder do partido, Ossufo Momade, pede uma punição exemplar para os "responsáveis diretos e mandantes destes atos macabros".

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Foto: Roberto Paquete/DW

O líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) afirmou ter sido com "bastante revolta e consternação" que tomou conhecimento da notícia do recente rapto do antigo deputado do seu partido e delegado político provincial da "perdiz" em Manica, Sofrimento Matequenha.

Sofrimento Matequenha
Sofrimento Matequenha, antigo deputado da RENAMOFoto: DW/B.Jequete

Ossufo Momade informou que, "numa altura em que aguardávamos pelo esclarecimento deste ato macabro, viemos a saber que o seu corpo foi localizado sem vida, com sinais de tortura, numa mata, em Pindanganga, há cerca de 60 quilómetros do local do seu sequestro".

Numa mensagem por ocasião do final do ano, o líder do maior partido da oposição moçambicana exigiu das autoridades policiais uma investigação para esclarecer o caso e "punir exemplarmente os responsáveis diretos e mandantes destes atos macabros contra moçambicanos, para evitar que continuemos a assistir a situações de impunidade".

Momade cita familiares da vítima como tendo dito que Matequenha foi raptado por agentes da polícia, que o teriam arrastado à força de sua casa para uma viatura da corporação, que arrancou a alta velocidade para local desconhecido. No entantno, na segunda-feira (28.12), o chefe do departamento de Relações Públicas da polícia em Manica, Mário Arnaça, disse a jornalistas que há "fortes indícios" de que os raptores pertençam à Junta Militar da RENAMO.

Arnaça informou que as autoridades de Manica ordenaram a exumação do corpo para perícia.

Mosambik RENAMO-Militärjunta in Gorongosa
Junta Militar da RENAMOFoto: DW/A. Sebastião

O corpo foi encontrado na quinta-feira passada (24.12), mais de uma semana depois de ter sido raptado, num local que regista uma forte presença militar e ataques da autoproclamada Junta Militar da RENAMO, no distrito de Gondola.

Ataques da Junta Militar

No balanço do ano, Ossufo Momade condenou ainda os ataques da autoproclamada Junta Militar no centro do país e de alegados grupos jihadistas na província nortenha de Cabo Delgado.

Para Momade, "a barbaridade dos insurgentes e da Junta Militar é uma afronta ao Estado moçambicano". O líder da RENAMO disse que "as Forças de Defesa e Segurança devem continuar a desempenhar o seu papel de proteger e de manter a ordem e segurança públicas".

O político não fez qualquer referência ao cessar-fogo unilateral declarado na última semana pelo líder da Junta Militar, Mariano Nhongo, alegadamente para dar lugar ao diálogo com o Governo, mas apelou ao grupo dissidente para aderir ao atual processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) da força residual da RENAMO.

Mosambik Inhambane | DDR-Prozess
Processo de DDR em InhambaneFoto: Luciano da Conceição/DW

Progressos do DDR

Por outro lado, Momade afirmou que, neste ano prestes a terminar, houve sinais muito significativos no processo de DDR rumo à pacificação do país. 

Até ao momento, segundo Momade, "foram desmobilizados cerca de 1.509 [combatentes], dos quais 142 são do destacamento feminino, num universo de 5.221 combatentes da RENAMO".

O líder da RENAMO lembrou que a violência armada que o país regista associada à Covid-19 agravou a já difícil situação dos moçambicanos.

Ossufo Momade desejou, para 2021, que "Moçambique tenha uma paz efetiva, haja paz nacional e nas famílias" e garantiu que, no próximo ano, a RENAMO "não baixará a guarda no combate contra a corrupção, o clientelismo, o nepotismo, a partidarização do Estado, a intolerância política e outros males que minam a harmonia social".