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Médico da OMS morre em ataque a hospital na RDC

nn | Lusa | AFP | AP
20 de abril de 2019

Um médico da Organização Mundial de Saúde morreu na sequência de um ataque de rebeldes num hospital em Butembo, a nordeste da República Democrática do Congo. Secretário-geral da ONU, António Guterres, pede justiça.

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Panzi Krankenhaus in Bukavu Demokratische Republik Kongo
Foto: Gianluigi Guercia/AFP/Getty Images

Um médico da Organização Mundial de Saúde (OMS) morreu na sequência de um ataque de rebeldes num hospital em Butembo, a nordeste da República Democrática do Congo (RDC), segundo o diretor-geral da organização.

"Eu e os meus colegas lamentamos a perda de um corajoso colega que salvava vidas de vítimas do ébola", escreveu o diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa de várias publicações sobre o ataque na sua conta na rede social Twitter, na sexta-feira (19.04). "Ficámos escandalizados com o ataque. Os trabalhadores de saúde não são alvos", sublinhou o dirigente da OMS.

A vítima era um médico dos Camarões que participava numa reunião de uma equipa anti-ébola da OMS, que foi alvo de um ataque de um grupo rebelde a um centro de tratamento do vírus ao serviço da OMS.

"A equipa [de trabalhadores de saúde] estava em reunião. Os Mai Mai (milícias de autodefesa) irromperam com armas e começaram a atirar sobre as pessoas", explicou o prefeito de Butembo, Sylvain Kanyamanda, citado pela agência de notícias francesa France Presse. "Um médico epidemiologista caiu e foi enviado para as urgências. Os seus colegas ficaram feridos, indicou a mesmafonte, que acrescentou que "o médico (...) acabou por morrer".

Schweiz Genf UN Menschenrechtsrat Antonio Guterres
António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações UnidasFoto: picture-alliance/KEYSTONE/S. Di Nolfi

O comandante interino da polícia de Butembo, o coronel Paul, garantiu à AFP que os autores do ataque já estão a ser alvo de uma perseguição policial. As forças armadas e a polícia capturaram até agora quatro dos atacantes.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou este sábado (20.04) o ataque ao hospital, que causou a morte de um dos atacantes. O porta-voz de António Guterres referiu que o secretário-geral da ONU apelou às "autoridades congolesas para não pouparem qualquer esforço para identificar e levar à Justiça os autores do ataque". 

No entanto, este sábado, uma outra unidade de saúde que fazia o rastreio do ébola foi alvo de um novo ataque armado. Segundo fonte do Governo da RDC, citada pela Associated Press (AP), um grupo de insurgentes armados com machetes irromperam pela unidade de saúde no distrito de Katwa e tentaram pegar-lhe fogo. A polícia e o exército mataram um dos atacantes e detiveram cinco pessoas relacionadas com o ataque.

A RDC é um país castigado pela violência de dezenas de grupos armados, mas também por um segundo surto de ébola que continua descontrolado. A essas ameaças junta-se agora o Estado Islâmico.

Estado Islâmico chegou à RDC

Num outro incidente, o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) reivindicou na sexta-feira, pela primeira vez, a autoria de um ataque. Segundo noticiou a imprensa local, o atentado contra um posto das Forças Armadas da RDC (FARDC) aconteceu na zona de Kamango, no noroeste do país, junto à fronteira com o Uganda. A reivindicação do ataque por parte da EI foi feita na quinta-feira (18.04) à noite pela agência de notícias Amaq, afiliada do EI.

Demokratische Republik Kongo Symbolbild Krieg Soldat Vergewaltigung
A República Democrática do Congo vive assolada por uma séria de tormentos aos quais se junta agora o Estado IslâmicoFoto: picture alliance/dpa

A imprensa congolesa relacionou a operação do EI com a incursão da passada terça-feira (16.04), em que morreram pelo menos dois soldados e que tinha sido atribuída aos rebeldes ugandeses das Forças Democráticas Aliadas (ADF).

Ébola continua a alastrar

Os dados do Ministério da Saúde da RDC até quinta-feira, indicam que morreram 855 pessoas de ébola desde 01 de agosto de 2018, data da declaração da epidemia no país africano. O número acumulado de casos de contágio está agora em 1.317. Há 1.251 confirmados laboratorialmente e 66 prováveis. Um total de 383 pessoas foram dadas como curadas.

Em apenas nove meses, a atual epidemia de ébola provocou 843 mortes na região de Beni e Butembo, de acordo com os mais recentes dados oficiais do Ministério da Saúde, divulgados na quarta-feira.

Esta é já a segunda epidemia mais grave na história do vírus da febre hemorrágica, depois daquela que matou mais de 11 mil pessoas no oeste de África, em 2014. Ao todo, 102.505 pessoas foram já vacinadas na RDC desde o inicio da epidemia, que afeta sobretudo as regiões Uganda e Ruanda.