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Maior prisão de Manica toma medidas para travar coronavírus

Bernardo Jequete (Manica)
26 de março de 2020

Após críticas, visitas a reclusos da "Cabeça do Velho", em Manica, voltam a ser permitidas. Autoridades moçambicanas tentam conter o avanço da doença sem privar os presos do convívio com familiares.

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Foto: DW/B. Jequete

O Estabelecimento Penitenciário Regional Centro de Manica, mais conhecido como "Cabeça do Velho", tem mais de 2000 reclusos. Para evitar a propagação do vírus na maior prisão da região, as visitas aos presos chegaram a ser suspensas no início da semana. 

Mas com a visita do secretário do Estado em Manica, tudo mudou. Edson da Graça Macuácua recomendou à direção da penitenciária para não suspender as visitas. Basta cumprir critérios como o distanciamento de um metro entre as pessoas e a lavagem obrigatória das mãos. 

Coronavírus: Como se proteger a si e aos outros

"As medidas devem ser observadas não no sentido de impedir em si o contacto, mas no sentido de que o contacto tem de ser feito observando as normas e as medidas estabelecidas em termos de higiene pessoal, em termos de distanciamento social, obedecendo às distâncias já anunciadas entre as pessoas em contacto", afirmou o secretário. 

A suspensão temporária das visitas provocou críticas entre os familiares dos detidos: "Pelo menos, [têm de] nos dar uns cinco minutos para ver os familiares e sair para dar a prioridade aos outros, porque mensalmente são só duas vezes as visitas", afirmou Maria Marcelina, uma das visitantes.

Algumas restrições de acesso

O secretário de Estado, que também é constitucionalista, esclareceu que o que está proibido é a entrada na cadeia de pratos, copos, talheres e outros objetos trazidos pelos visitantes.

"Em termos de interdição está a introdução de objetos externos que possam configurar algum risco de contaminação em termos de sujeição a todas outras medidas já foram anunciadas", anunciou.

Edson da Graça Macuácua visitou o estabelecimento prisional na terça-feira (24.03) para se inteirar das medidas que estão a ser tomadas para prevenir a contaminação dos reclusos pela Covid-19.

Mosambik Krankenschwester Anita Julio
Anita Júlio, enfermeira do centro de saúde da prisão de ManicaFoto: DW/B. Jequete

Medidas de consciencialização

Face à sobrelotação da cadeia, o secretário de Estado disse que é necessária mais celeridade para descongestionar o espaço.

A realização de palestras é outra das medidas de prevenção adotadas, explica Anita Júlio, enfermeira que trabalha no centro de saúde da prisão em Manica.

"Reforçámos a higiene pessoal e coletiva e o material higiénico para os internos. Por enquanto, havemos de minimizar. Para que possamos prevenir esta doença temos de aderir à lavagem das mãos, à higiene coletiva e também individual, porque se eles se precaverem, nós também estaremos bem. É melhor prevenir que tratar", afirmou a enfermeira.

Covid-19 em Moçambique

A doença está a alastrar-se rapidamente pelo continente africano. Em Moçambique, os casos confirmados do novo coronavírus subiram na quarta-feira de 3 para 5. Depois de terem sido diagnosticados, os pacientes estão a ser tratados em quarentena domiciliária.

As autoridades já identificaram 61 pessoas que tiveram contacto com as duas novas vítimas do vírus e recomendaram isolamento durante 14 dias para averiguar a evolução de um possível contágio.

Como medida de conter o avanço da doença no país, as autoridades de Moçambique suspenderam a emissão de vistos de entrada no território nacional e decretaram o encerramento das escolas por um período de 30 dias.