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Malária continua a aumentar em Moçambique e Angola

Leonel Matias (Maputo) | Lusa
25 de abril de 2017

Assinala-se esta terça-feira (25.04) o Dia Mundial de Combate à Malária, doença que não pára de matar em Angola e Moçambique. Juntos, os dois países representam 7% do peso global de casos de paludismo, segundo a OMS.

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Nova vacina contra a malária vai ser testada no Quénia, Gana e no MalawiFoto: AP

Os dois países lusófonos figuram entre as oito nações com mais mortes por malária no mundo.  A segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que Angola registou em 2015 mais de três milhões de novos casos. Nesse ano, a doença matou 14 mil pessoas - número semelhante ao de 2010. 

Em Moçambique, onde a malária é a principal causa de internamentos e de mortalidade, foram diagnosticados e tratados ao nível das comunidades no ano passado mais de um milhão de casos.

Estima-se ainda que 15 mil pessoas tenham morrido devido à doença em 2015, de um total de oito milhões e 300 mil novos casos registados durante o ano. As autoridades moçambicanas dizem que estão a investigar as causas do aumento do número de casos.

Medidas de prevenção

A ministra da Saúde de Moçambique, Nazira Abdula, reconhece que o quadro atual não é muito bom, mas salienta que em 2016 "as intervenções em curso permitiram reduzir o internamento em cerca de 6% e o número de mortes intra-hospitalares por malária reduziu em 46%".

As intervenções incluíram a pulverização intra-domiciliária, a distribuição de redes mosquiteiras, assim como o diagnóstico precoce e o tratamento de casos nas unidades sanitárias e comunidades.

Cerca de 16 milhões de redes mosquiteiras deverão ser distribuídas a todas as famílias moçambicanas, no âmbito de uma campanha nacional lançada em novembro último.

Moskitonetz gegen Malaria
Redes mosquiteiras para travar a maláriaFoto: picture-alliance/dpa/S. Morrison

Mas apesar das medidas de prevenção em curso, a situação este ano continua grave. Só no primeiro trimestre a malária matou perto de 300 pessoas, de um total de um milhão de casos notificados.

Além da má utilização das redes mosquiteiras, que muitas vezes são usadas para outros fins como a pesca, o aumento dos casos de malária deve-se também ao fraco saneamento, à não remoção do lixo e à existência de charcos de água,. As redes mosquiteiras

Ao contrário de Cabo Verde e Timor-Leste, tidos como dois países de sucesso entre a comunidade africana lusófona no combate à malária, Moçambique admitiu já publicamente que não vai conseguir atingir a meta da OMS que prevê eliminar a doença até 2030. Cabo Verde terá tido menos de 50 casos e menos de 10 mortos em 2015, enquanto Timor-Leste terá registado 120 casos e menos de 10 mortos em 2015.

Projeto-piloto em Maputo

Moçambique está a levar a cabo um projeto-piloto de eliminação da malária que decorre desde agosto de 2015 em Magude, um distrito da província de Maputo. "O objectivo é ver se usando os meios actualmente disponíveis de controlo da malária é possível alcançar a eliminação no nosso contexto epidemiológico", explica o diretor do projecto, Francisco Saute.

"É muito mais fácil alcançar a eliminação se estamos a falar de zonas temperadas, ilhas e nós estamos agora a falar de um contexto de um país em que a transmissão da malária é endémica e temos condições ecológicas favoráveis a transmissão da doença", explica.

Malária continua a aumentar em Moçambique e Angola

Saute, que também é diretor adjunto do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça para a área clínica, disse à DW África que os resultados são satisfatórios e registam-se já reduções significativas nos casos da doença. 

Pouco antes do lançamento do projeto foram realizados, em maio de 2015, testes rápidos de malária e concluiu-se que a taxa de prevalência da doença era de 9%. Essa mesma avaliação foi realizada um ano depois para verificar o impacto das intervenções e a prevalência baixou de  9% para 1,2% - uma redução da prevalência em 86%, adianta o diretor do projeto.

Nova vacina

A mais avançada vacina contra a malária, mas que tem eficácia limitada, vai ser testada em grande escala no Quénia, no Gana e no Malawi, anunciou a OMS, na véspera do Dia Mundial da Malária. O objetivo é vacinar pelo menos 360 mil crianças, entre 2018 e 2020.

Desenvolvida pela farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK), em parceria com a organização não-governamental Path Malaria, a vacina Mosquirix (também chamada RTS,S) foi desenvolvida para crianças entre as seis semanas e os 17 meses.

Apesar de não significar protecção total, espera-se que a vacina contribua para reduzir o número de casos de malária. O projeto-piloto deverá avaliar a eficácia da vacina "no contexto de um uso rotineiro", assim como eventuais obstáculos logísticos, disse à agência AFP a diretora regional da Organização Mundial de Saúde para África, Matshidiso Moeti.

África é o continente mais afetado pela malária, totalizando 92% das 429 mil mortes registadas em todo o mundo em 2015, devido a esta doença transmitida por mosquitos, referem dados da OMS. As crianças com menos de cinco anos representam mais de dois terços dessas mortes.