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Mali liberta 180 jihadistas para possível troca de presos

Lusa
5 de outubro de 2020

As autoridades malianas libertaram este fim de semana 180 extremistas islâmicos de uma prisão na capital e levaram-nos de avião para o norte do país, numa operação que se acredita ser de troca de prisioneiros.

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Prisão no norte do Mali (foto de arquivo)Foto: Joel Saget/AFP/Getty Images

Cerca de 70 homens foram libertados no sábado (03.10) e outros 110 no domingo (04.10), de acordo com um funcionário governamental que falou sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.

Em causa estará, segundo a agência de notícias Associated Press, a libertação de Soumaila Cisse, um destacado político da oposição que está há mais de seis meses em posse dos jihadistas.

No país, acredita-se que os rebeldes que raptaram Cisse, de 70 anos, no final de março estavam à procura de uma troca de prisioneiros com o governo maliano.

Porträt - Soumaila Cisse
Soumaila Cisse, político da oposição malianaFoto: Getty Images/I. Sanogo

Soumaila Cisse, que concorreu à presidência do Mali três vezes, estava a fazer campanha antes das eleições legislativas não muito longe de Timbuktu na altura do rapto. 

O seu guarda-costas foi morto no ataque e a única prova de que ele tinha sobrevivido foi uma carta manuscrita entregue em agosto.

A libertação dos jihadistas não foi comentada de imediato pelo governo de transição do Mali, que tomou posse na semana passada, mais de um mês depois de o Presidente Ibrahim Boubacar Keita, democraticamente eleito, ter sido deposto num golpe militar.

Golpe comprometeu libertação de Cisse

Os esforços do governo para negociar a libertação de Cisse ficaram comprometidos após o golpe que forçou o Presidente Ibrahim Boubacar Keita a abandonar o poder, embora anteriormente tão pouco houvesse indicações de que estivessem a ser feitos progressos nas negociações.

Os militantes islâmicos estão ativos em todo o norte e centro do Mali e os seus ataques são habitualmente dirigidos aos militares malianos e às forças de manutenção da paz das Nações Unidas.

Uma operação militar liderada pelos franceses em 2013 dispersou os jihadistas, que se reorganizaram e expandiram nos anos que se seguiram.

Muitos temem que a convulsão política no Mali após o golpe militar lhes permita fazê-lo novamente, um receio reforçado pela libertação dos prisioneiros neste fim de semana.

Independente desde 1960, o Mali viveu, em 18 de agosto, o quarto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012.