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Mali: População critica inação do Governo após massacre

EFE | AFP | Lusa | rl
6 de abril de 2019

Cerca de trinta mil pessoas saíram, esta sexta-feira (05.04), às ruas de Bamaco, capital do Mali, para denunciar a situação de insegurança e a intensificação da violência contra civis na região central do país.

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Mali Proteste in Bamako
Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS.com/N. Remene

Os cidadãos queixam-se da inação do governo após o massacre de 23 de março, no qual uma milícia formada por "caçadores Dogon" assassinou 160 pessoas em Ogossagou, uma aldeia do grupo étnico muçulmano Fulani. Para os cidadãos, o Presidente Ibrahim Boubacar Keita fracassou ao não conseguir deter a onda de violência no centro do país.

Nas ruas de Bamaco, os manifestantes gritaram "Ibrahim Boubacar Keita fora" e criticaram também a Missão das Nações Unidas no Mali (MINUSMA).

"Os nossos filhos, os nossos maridos e os nossos pais estão a morrer por causa do mau governo do IBK e do seu clã", disse Mariam Fomba, viúva de um soldado, à AFP.

A manifestação, convocada por líderes religiosos muçulmanos, organizações representativas da comunidade de pastores Fulani, partidos da oposição e grupos da sociedade civil, foi pacífica, no entanto, a polícia acabou por dispersar a multidão com gás lacrimogéneo quando esta começou a marchar em direção à casa do primeiro-ministro Soumeylou Boubeye Maiga.

Mali Proteste in Bamako
Manifestantes pediram a renúncia do Presidente Boubacar KeitaFoto: picture-alliance/ZUMAPRESS.com/N. Remene

Após os protestos desta sexta-feira, a associação Fulani Kisal, emitiu um comunicado onde afirmou que o "povo do Mali saiu hoje [às ruas] como um só, para dizer não à violência e à limpeza étnica".

Na semana passada, associações Fulani convocaram duas vezes manifestações em Bamako, que foram sempre adiadas, para condenar o massacre de 23 de março. Em resposta a este ataque, o Presidente Keita dissolveu a associação (de caçadores Dogon), responsável pelo massacre.

160 mil refugiados

De acordo com os mais recentes números divulgados pelas Nações Unidas, a violência no Mali já provocou 260 mil refugiados e deslocados. Em declarações, esta semana, em Genebra, Ute Kollies, a responsável do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), afirmou que o "Mali vive entre o caos e a esperança", acrescentando que garantir assistência humanitaria ao país é "também investir em segurança".

O plano de resposta humanitária do OCHA no Mali para 2019 é de 296 milhões de dólares (263 milhões de euros), mas desde janeiro o Mali recebeu apenas 9% desta verba, o que é muito pouco, estimou a responsável da ONU.

O OCHA estima que 2,7 milhões de pessoas se encontram atualmente em situação de insegurança alimentar e 660.000 crianças com menos de cinco anos em risco de desnutrição aguda. A comunidade internacional "olha para o Mali sob a lente do terrorismo e da imigração ilegal" e, por isso, fornece "uma resposta baseada no reforço da segurança", segundo Kollies.

G7 vai ajudar

Entretanto, este sábado (06.04), o grupo do G7, composto pelas principais potências ocidentais e o Japão, e que está reunido em Dinard, França, anunciou uma iniciativa para combater o contrabando e o tráfico de todos os tipos na região do Sahel, na África Ocidental. Segundo os ministros dos Negócios Estrangeiros destes países, o tráfico de pessoas, drogas e armas leves alimentou a instabilidade e a corrupção na região e contribuiu para a criação de "um terreno fértil para organizações terroristas". nesta região, que abrange Mauritânia, Mali, Níger, parte de Burkina Faso e Chade.

Desde o início deste ano, estima a ONU, mais de 200 pessoas foram mortas por grupos de autodefesa anti-jihadistas no país. O problema já se alastrou a países como o Burkina Faso, Chade e Níger.

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