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Mali, Nigéria e Angola em destaque na imprensa alemã

Da Rocha Alves Sampaio, Maria Madalena17 de maio de 2013

A reunião de doadores internacionais para o Mali, a declaração do estado de emergência em três estados da Nigéria e os recursos naturais em Angola são alguns dos temas comentados esta semana em jornais em língua alemã.

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"Uma dose grande de boas intenções, compromissos financeiros e promessas dominaram a reunião de doadores internacionais para o Mali", que decorreu esta quarta-feira na capital belga, escreve o Neue Zürcher Zeitung. Segundo anunciou em Bruxelas o presidente do Conselho da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, a comunidade internacional vai apoiar com 3,25 mil milhões de euros a reconstrução do Mali.

A conferência internacional de doadores, organizada pela UE e pela França, tinha como objetivo obter cerca de dois mil milhões de euros - "uma meta que foi claramente ultrapassada", sublinha o jornal suíço.

"A Europa está do lado do Mali", disse Van Rompuy, apelando ainda à implementação das reformas políticas e económicas anunciadas. No seu discurso, o presidente interino do Mali, Dioncounda Traoré prometeu cumprir os objectivos acordados em matéria de segurança, democracia e descentralização.

Alemanha treina soldados malianos

E enquanto se espera a ainda hipotética realização de eleições no Mali, a formação do exército do país pela União Europeia prossegue. A Alemanha está no local para treinar o comando de engenharia. O diário alemão Die Welt esteve na localidade de Koulikoro, onde está a decorrer a formação, e que fica a uma hora e meia da capital, Bamako.

O jornal publicou um longo artigo sobre a missão composta por 80 soldados da "Bundeswehr". No total, deverão ser formados pelos instrutores europeus 3.000 soldados. Candidataram-se à formação 9.000 soldados, algo que o tenente coronel Müller-Cramers, citado no artigo, considera ser "notável", sobretudo tendo em conta que o país está em guerra.

A mobilização destes 9.000 homens, no entanto, pode ser interpretada de outra maneira, escreve ainda o jornal. Trata-se, sem dúvida, de uma guerra, mas muitos soldados malianos, sobretudo os "Boinas Verdes", próximos do capitão golpista Amadou Sanogo, o líder do golpe de Estado de março de 2012, não desapareceram. Em suma, resume o diário alemão, segundo as "más-línguas", o número elevado de 9.000 homens é antes a expressão de um grande número de rebeldes.

Três estados da Nigéria em estado de emergência

"Na guerra contra o movimento islamita Boko Haram na Nigéria chegou agora a vez dos militares", lia-se no jornal alemão die tageszeitung. Na terça-feira, o Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, declarou o estado de emergência em Borno, Yobe e Adamawa, três estados do nordeste do país que têm sido palco de violentos ataques do grupo extremista. Num discurso transmitido na noite de terça-feira pela televisão, assegurou também a adoção de "medidas extraordinárias" para responder à violência.

Só para Borno, cuja capital é Maiduguri, onde o Boko Haram tem o seu quartel-general, foram enviados 2.000 soldados, refere o jornal, que cita a imprensa local. Ainda não se sabe ao certo quantos efetivos foram destinados para Adamawa e Yobe.

Num vídeo divulgado na segunda-feira, o grupo radical cujo nome significa "a educação ocidental é pecado" reivindicou dois ataques recentes em Bama e em Baga, no nordeste da Nigéria, que mataram pelo menos 250 pessoas, recorda die tageszeitung. A gravação mostrava mulheres e crianças não identificadas aparentemente sequestradas.

Para Emmanuel Onwubiko, coordenador nacional da Associação de Escritores para os Direitos Humanos (Huriwa), a decisão do Presidente nigeriano é lógica e todas as pessoas que pensam democraticamente - até mesmo a oposição - deveriam apoiá-lo. As fontes militares também aprovam a medida. O chefe da Força Aérea, Alex Sabundu Badeh, disse ao jornal alemão que "apenas os militares poderão  manter a democracia na Nigéria."

Recursos naturais: maldição ou benção?

Para muitos países, as elevadas receitasprovenientes da exportação de recursos naturais parecem mais ser uma maldição do queuma bênção, escreve o jornal suíço de língua alemã Neue Zürcher Zeitung. Num artigo intitulado "Mais transparência contra a maldição dos recursos", lê-se que as divisas provenientes do setor extrativopromovema corrupção política.

Um exemplo conhecido apontado é o da Nigéria, onde apesar das receitas do petróleo 60% da população ainda vive abaixo da linha da pobreza. As causas para a tal "maldição dos recursos" podem até ser económicas, mas muitos economistas acreditam agora que as principais razões são antes de natureza política. "Vários estudos mostram que a riqueza de recursos tende a levar a um reforço de governantes autocráticos e à erosão das instituições democráticas, especialmente em países onde as instituições democráticas ainda são frágeis", escreve o jornal.

A corrupção é o problema mais comum dos países ricos em recursos naturais, é ainda referido. Além da Nigéria, o periódico dá como exemplo Angola, "outro país rico em recursos com uma elite corrupta". Em 2001, "desapareceram" receitas do petróleo no valor de 900 milhões dólares, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Assim, não é de admirar que a empresária Isabel dos Santos, a filha do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, há 33 anos no poder, tenha entrado, em 2012, na lista das personalidades mais ricas do mundo, elaborada pela revista Forbes. A primeira multimilionária de Angola é também a mulher mais rica de África.