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Mali prepara-se para a segunda volta das presidenciais

AP | Lusa | EFE | tms
11 de agosto de 2018

Disputa entre o Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e o líder da oposição Soumaïla Cissé repete cenário eleitoral de 2013. Entretanto, população teme clima de insegurança, após ataques de jihadistas na primeira volta.

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Mali Präsidentschaftswahl 2018 | Wahlplakate Keïta & Cissé
Foto: DW/K. Gänsler

A população do Mali prepara-se para a segunda ronda das eleições presidenciais que, este domingo (12.08), volta a colocar Soumaïla Cissé frente a Ibrahim Boubacar Keïta, que venceu a disputa entre os dois em 2013.

A segunda volta avança após a rejeição pelo Tribunal Constitucional, esta semana, de recursos apresentados pela oposição contra os resultados da primeira volta, que dão a maioria dos votos ao atual chefe de Estado, Ibrahim Boubacar Keïta (41,70%). Cissé, que reuniu 17,78% dos boletins válidos, contestou estes resultados, alegando que não eram "verdadeiros ou credíveis".

O presidente do Tribunal Constitucional, Manassa Danioko, apontou que os dois se defrontarão este domingo, à semelhança do que aconteceu nas eleições de 2013, que Keïta venceu com mais de 77% dos votos.

Cissé perde apoios

Na última quinta-feira, a agência de notícias EFE noticiou que Cissé falhou em conseguir o apoio determinante de dois candidatos. Tanto o empresário Aliou Diallo, que obteve 8,03% dos votos, como o ex-primeiro-ministro Cheick Modibo Diarra (7,39%) rejeitaram apoiar o representante da oposição.

Para além de rejeitar apoiar Cissé, Diallo apelou aos seus apoiantes que boicotem as eleições. Já Diarra, em conferência de imprensa, recusou apoiar qualquer um dos candidatos porque "nem Keïta nem Cissé representam uma alternativa".

Segundo vários observadores, a falta de apoio a Cissé deixa chefe de Estado como claro favorito na segunda volta, o que lhe deve valer um segundo mandato.

Mali Stichwahl Wähler
Foto: DW/K. Gänsler

População teme insegurança

Na primeira volta, a 29 de julho, o escrutínio foi interrompido em diversas assembleias de voto devido a ataques de jihadistas. Agentes eleitorais foram mortos e materiais de votação destruídos por extremistas ligados à Al Qaeda.

Agora, muitos malianos se preocupam com a segurança no dia da votação. Mohammed Cisse, um funcionário em Boni na região central de Mopti, disse que alugou uma casa na capital, Bamako, onde ficará para sua segurança até o fim das eleições. Três de seus irmãos foram sequestrados durante a primeira volta, acusados pelos vizinhos de ajudarem a transportar materiais de votação.

"ONG trazem comida para famílias pobres para nossa aldeia em Boni. Eu pedi essa ajuda, mas surpreendentemente, as pessoas das aldeias disseram aos islamistas que os carros trouxeram materiais eleitorais", disse ele à Associated Press. "Meus irmãos me disseram que suas mãos foram amarradas e os jihadistas os golpearam durante os interrogatórios... Finalmente, quando os islamistas entenderam que na verdade eram grãos, eles os libertaram".

Na véspera das eleições de 29 de julho, três agentes eleitorais foram sequestrados e mortos por extremistas na vila de Boudou, a cerca de 40 quilômetros da cidade central de Sevare. A cidade abriga a nova sede da força de contraterrorismo do G5 Sahel, que também foi atacada.

Mali Angriff auf G5 Sahel Basis in der Stadt Sevare
Ataque de jihadistas em Sevare, em junhoFoto: Getty Images/AFP

No centro do Mali, os ataques tornaram-se mais frequentes em meio a confrontos entre comunidades. Enquanto isso, os soldados malianos nos últimos meses foram acusados de abusos, incluindo assassinatos extrajudiciais, durante operações contra o terrorismo.

Exército diz reforçar a segurança

Entretanto, as autoridades do Mali tentam tranquilizar a população. "Aumentamos a segurança em todos os lugares onde há necessidade de fazê-lo, para que as pessoas que querem votar possam fazê-lo com segurança", disse o coronel Diarran Kone, porta-voz do Exército maliano.

Moradores do centro de Mali, no entanto, disseram não ver o aumento da segurança. Muitos dos munícipes de Pignariba, Lowel-Gueou e Bara-Sara disseram que provavelmente não poderão votar.

"A situação ainda não está clara, mas os riscos continuam aumentando", disse Andrew Lebovich, especialista em Mali e membro visitante do Conselho Europeu de Relações Exteriores. "Para o primeiro turno, podemos dizer que centenas de milhares de malianos foram colocados numa posição de impossibilidade ou extrema dificuldade para a votação. Esses riscos e problemas certamente estarão presentes, pelo menos em parte, para o segundo turno, também", ressaltou.