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"Maratona de Cartas" da AI para Angola está perto do fim

João Carlos (Lisboa) 8 de janeiro de 2016

A “Maratona de Cartas” promovida anualmente pela AI visa recolher assinaturas com vista a salvar vidas e pessoas como Rafael Marques, que quer que, em 2016, os angolanos possam dizer o que pensam sem serem presos.

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Rafael Marques, jornalista e ativista angolanoFoto: Maka Angola

A publicação em 2011 do livro “Diamantes de Sangue – Corrupção e Tortura em Angola” valeu a Rafael Marques de Morais a condenação pelo Tribunal Provincial de Luanda, a 28 de maio de 2015, em seis meses de prisão com pena suspensa por dois anos.

No livro, o ativista angolano descreve alegados abusos de direitos humanos por parte de militares angolanos e de empresas privadas em minas de diamantes na região das Lundas.

A 3 de junho do mesmo ano foi interposto um recurso, em relação ao qual se aguarda uma decisão. A Amnistia Internacional (AI) entende que a pena e as condições expressas na sentença restringem gravemente o trabalho de defensor dos direitos humanos de Rafael Marques e constituem uma violação do direito de expressão.

Ana Monteiro é coordenadora da campanha e considera que "o facto de se estar a tentar silenciar um ativista dos direitos humanos e um jornalista no exercício do seu dever e da liberdade de escrever sobre o que realmente acontece é bastante grave", e justifica: "Daí, então, nós termos adotado o caso de Rafael Marques."

Pedido de retirada de acusação contra Rafael Marques

Com a petição, a Amnistia Internacional pretende reunir o máximo de assinaturas. Uma carta será depois endereçada ao Procurador-Geral da República de Angola, João Moreira de Sousa. No documento, a Amnistia pede às autoridades angolanas que retirem as acusações contra Rafael Marques, condenado por "denúncia caluniosa".

A jornalista portuguesa, Vanessa Rato, ligada à petição a favor da libertação dos 15+2 ativistas angolanos em julgamento, aponta este caso como mais uma prova das sistemáticas violações dos direitos fundamentais em Angola: "Conhecemos vários casos de violação dos direitos humanos em Angola, infelizmente. O Rafael Marques claramente é uma pessoa com uma coragem extraordinária, com uma capacidade de abnegação extraordinária de se dedicar sistematicamente a desmontar e expor os sistemas de corrupção e de abuso de poder em Angola."

Amnesty International
Foto: picture-alliance/dpa

E Vanessa Rato faz uma crítica ao regime angolano: "Numa democracia plena e madura essas pessoas recebem prémios, são apoiadas pelas próprias instituições do poder, porque elas são benéficas para as instituições do poder ao mostrarem-lhes onde elas podem atuar para se melhorarem."

"Maratona de Cartas” é o maior projeto de Direitos Humanos da AI

A jornalista refere que numa democracia plena e madura, essas pessoas não são condenadas em tribunal sem provas. E o caso de Rafael Marques, sublinha, é exemplo disso, "que Angola ainda não chega a ser uma democracia plena, nem madura", conclui.

Rafael Marques foi galardoado com numerosos prémios de prestígio internacional e reconhecido globalmente pelo seu trabalho jornalístico. A Aministia Internacional considera que a acusação e julgamento do jornalista foram politicamente motivados e concebidos para silenciar um ativista que se tem dedicado a expor a corrupção e as violações de direitos humanos em Angola.

“Maratona de Cartas” é o maior projeto de Direitos Humanos da Amnistia Internacional, que só no ano passado envolveu a participação de mais de três milhões de pessoas. Este projeto termina no próximo dia 10 de janeiro.

Em 2015, inclui quatro casos diferentes, entre os quais de Rafael Marques. O outro tem a ver com a situação de crianças obrigadas a casar muito cedo no Burkina Faso.

Angola Justiz Symbolbild
Tribunal de LuandaFoto: DW/N. Sul de Angola

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