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Militantes da RENAMO aplaudem início da desmilitarização

31 de julho de 2019

Simpatizantes e membros da RENAMO acreditam que o arranque do processo de desmilitarização já está a apaziguar os ânimos no partido, semanas depois de guerrilheiros terem ameaçado destituir o líder Ossufo Momade.

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Soldados da RENAMO na Serra da GorongosaFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

Para os simpatizantes e membros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), havia poucas esperanças sobre o destino do principal partido da oposição neste período eleitoral. Sentiam-se desmotivados a participar ativamente na campanha, após as ameaças de um grupo de guerrilheiros que publicamente exigiram a destituição do líder Ossufo Momade e ameaçaram-no de morte.

Agora, alguns membros da RENAMO e candidatos à assembleia provincial da Zambézia dizem que o processo de desmilitarização, que arrancou na última segunda-feira na Serra da Gorongosa, acabou com esse medo.

Militantes da RENAMO aplaudem desmilitarização: "Medo já está dissipado"

"Estou muito feliz", confessa Costa Amado em entrevista à DW África. "Estávamos um pouco constrangidos, mas assistimos ao início do registo de homens da RENAMO [no processo de desarmamento, desmobilização e reintegração]. Ajudou-nos bastante porque vai dissipar alguns equívocos", sublinha ainda o membro da RENAMO.

Fernando Pequenino, outro membro do partido, comenta que "o que aconteceu com aqueles militares são coisas da vida. Agora, salienta, "o medo já está dissipado desde segunda-feira. Vimos o presidente Momade a dirigir pessoalmente o processo, significa que o que era dito [sobre ele] não é verdade."

Questões tribais e dividendos

O analista político Lourindo Verde considera que o conflito interno na RENAMO é um processo natural. "A RENAMO está num processo transitório após Afonso Dhlakama, que foi um líder que dirigiu o partido durante muito tempo. É normal que a RENAMO esteja numa perturbação, pois estamos a falar de num processo de sucessão que é caracterizado por clivagens", lembra.

Por isso, diz o analista, "há a hipótese de que os militantes não se identificaram com este novo líder porque é um líder com características tribais, com as quais que eles não estavam habituados porque desde que a RENAMO foi fundada foi dirigida pela tribo do centro." Agora, os militares da RENAMO estão confrontados com um líder que é do norte do país.

Dionísio Graciano
Dionísio Graciano: "Vamos gozar desta paz de forma pacífica e honesta"Foto: DW/M. Mueia

Por outro lado, acrescenta Lourindo Verde, "também há uma questão de dividendos, pois a desmilitarização prevê pagamentos [aos homens que vão ser reintegrados]. Pode ser que não haja clareza de como está a ser dirigida esta questão."

Os cidadãos apelam à liderança da RENAMO e ao Governo para que os acordos que estão a ser firmados sejam mantidos. "No passado, esse acordo já dizia de que os homens residuais da RENAMO deviam ser reintegrados nas Forças de Defesa e Segurança, mas depois isso não aconteceu. Tenho a certeza de que isso originou o conflito de novo e desestabilizou o país. Esperamos que isso não venha a acontecer novamente", diz o cidadão Liberalto Duarte.

Para Dionísio Graciano, também membro da sociedade civil, a RENAMO deve-se pautar pela comunicação. "Se a comunicação for perturbada, isso traz consequências que hoje estamos a viver na RENAMO. Vamos gozar desta paz de forma pacífica e honesta", apela.

Entretanto, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou esta quarta-feira (31.07) na Assembleia da República que vai assinar na quinta-feira (01.08) o acordo de paz para a cessação definitiva das hostilidades militares com o líder da RENAMO, Ossufo Momade, na serra da Gorongosa. O acordo prevê o fim formal dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado do principal partido da oposição.