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Missão da ONU no norte do Mali mais próxima

Pinto,Maria João23 de novembro de 2012

Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, deverá apresentar na segunda-feira (26.11) relatório sobre a missão militar prevista para o Mali. CEDEAO espera luz verde para avançar para intervenção no norte do país.

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A comunidade internacional é unânime: o norte do Mali tem de ser libertado das mãos das forças rebeldes islâmicas. Com este fim em vista, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deverá enviar 3.300 soldados para o terreno. As tropas vêm da Nigéria, Senegal, Burkina Faso, Gana e Togo e, juntamente com o exército maliano, pretendem reaver a região.

A União Européia já prometeu enviar cerca de 250 formadores para apoiar o exército do Mali mas não participará no combate. Por se tratar de um caso de reconquista de território, espera-se que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprove um mandato forte.

Paul Melly é um especialista em África na Chatham House, em Londres: "O mandato será mais para fornecer apoio e autoridade política da ONU a esta intervenção. Por isso não se trata propriamente de uma missão de paz das Nações Unidas com um mandato especifico sobre aquilo que as forcas podem ou não fazer, como aconteceria, por exemplo, com a Monusco, no Congo. Vai ser uma espécie de autorização da ONU, dando formalmente luz verde ao plano da CEDEAO para controlar militarmente os estados do norte do Mali", explica o especialista.

Situação inédita

Um compromisso que não se pode comparar com o que se passou em outros países, diz Alexander Stroh, do Instituto de Estudos Africanos em Hamburgo. A lista das missões da ONU em África é longa: cerca de 30, nos últimos 50 anos. Incluindo os casos do genocídio no Ruanda, em 1994, a guerra civil da Somália e os ataques rebeldes no leste do Congo.

Mas a situação no Mali é completamente inédita: "Não se trata de um estado completamente dividido, apenas uma parte do território. Para além disso, há consenso entre a CEDEAO e o governo do Mali: a situação no norte é inaceitável", explica Stroh. "E ninguém apóia os rebeldes e os elementos da Al-Qaeda. Por isso, esta é uma situação muito especifica, que não se pode comprar com outras missões", acrescenta.

Proximidade cultural

Por último, mas não menos importante, os soldados vêm de regiões vizinhas do Mali, também falam francês e são culturalmente próximos da população - ao contrário do que acontece com a missão da ONU no Congo, a Monusco, em que tropas do Paquistão e da Índia são vistas com ódio. Foram acusadas de inação, corrupção e abusos contra civis e não impediram a recente tomada de Goma.

Paul Melly deixa o alerta: há requisitos específicos que devem ser conseguidos no Mali. "O que importa realmente é que as forças da CEDEAO estejam bem treinadas e disciplinadas, que respeitem os civis, que operem de forma competente e organizada", enumera. "Desta forma, espera-se que consigam ganhar a confiança das pessoas", diz.

Entretanto, uma das grandes questões está ainda por resolver. Não se sabe se a Argélia vai apoiar a intervenção militar da CEDEAO. O país norte - africano tem uma fronteira de mais de mil km com o norte do Mali - a região controlada pelos rebeldes. Aqui, a Argélia teria de aumentar a segurança fronteiriça, para que nem rebeldes nem armas pudessem circular na região. A resposta à pergunta "pode o norte do Mali ser libertado das mãos dos rebeldes?" está por isso longe de ser encontrada.

Autora: Katrin Matthaei/Maria João Pinto
Edição: Renate Krieger/António Rocha