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A vida em Tete um ano depois das cheias do Rovubwe

Amós Fernando (Tete)
11 de março de 2020

A 8 de março de 2019, o bairro Chingodzi, na cidade de Tete, acordou sob alerta máximo devido às cheias do rio Rovubwe. As famílias reassentadas ainda vivem em casas e tendas improvisadas.

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Casas improvisadas em Chimbonde, em TeteFoto: DW/A. Zacarias

Para trás, ficou o rasto de muita destruição. Dados oficiais apontam para a morte de seis moradores devido às inundações causadas pelo rio Rovubwe, um dos afluentes do rio Zambeze. Milhares de pessoas foram desalojadas das suas residências, e muitas perderam tudo o que tinham construído durante anos. 

Foi aberto um centro de reassentamento na região de Chimbonde, a cerca de sete quilómetros da cidade de Tete, para onde foram encaminhadas mais de 500 famílias. Após um ano, a maioria continua a viver em casas e tendas improvisadas doadas pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e parceiros.   

Adelino Alberto
Adelino Alberto: "Temos medo de uma possível inundação no futuro"Foto: DW/A. Zacarias

"Lá onde vivíamos [nas zona de risco], temos medo de uma possível inundação no futuro", afirmou Adelino Alberto, secretário do bairro Chimbonde, indicando que uma das grandes dificuldades naquela zona residencial tem a ver com a via de acesso. "A estrada não está bem, estamos a tentar pedir ao nosso Governo para, pelo menos, melhorar esta estrada para termos transporte daqui para a cidade", acrescentou. 

Por outro lado, o bairro Chimbonde tem problemas de água potável e corrente elétrica. Para o fornecimento de água, foi construído um fontanário, que abastece cerca de 2,5 mil pessoas.

Apoios continuam a chegar

As famílias alojadas no Chimbonde continuam a receber apoios de diversas organizações não-governamentais. A Diakonie - uma organização de ajuda humanitária alemã ligada à Igreja Protestante - doou mais de 320 mil euros. O Conselho Cristão de Moçambique (CCM) em Tete tem assistido os moradores com material de construção e produtos alimentares.

A vida em Tete um ano depois das cheias do Rovubwe

"Comprámos chapas de zinco para as 565 famílias, sendo 12 chapas para cada família. Por isso é que, quando chegas aí, vê-se algumas casinhas", diz Tiago Vilanculos, coordenador do CCM em Tete.

"Algumas pessoas se habituaram a estender a mão e não fazem esforço para melhorar as suas próprias vidas. As outras continuam nas mesmas tendas dadas quando lá foram colocadas", disse Vilanculos, acrescentando que "a sensibilização está a ser feita". "Tem aí diversas entidades, mas não estão a mudar."

Paulo Feniasse, residente no Chimbonde, é uma das vítimas que viram as suas casas destruídas pelas cheias do Rovubwe. Apesar de não ter uma casa melhorada, recebeu material de construção do Conselho Cristão de Moçambique.

"Ainda estamos no tempo chuvoso e nem para melhorar a casa não dá. Recebemos as chapas e barrotes do CCM e, para construir, temos que ir cortar estacas. Lá, onde se pode achar estacas, tem um pequeno rio que esteve com o alto nível de água", explicou Feniasse.  

Infraestrutura danificada

Jeremias Mazoio
Jeremias Mazoio garante que obras de reabilitação vão ficar prontas até agostoFoto: DW/A. Zacarias

As inundações no Rovubwe também cortaram a transitabilidade da ponte que liga a cidade de Tete à vila de Moatize. Um ano depois, a infraestrutura continua em reabilitação. A obra está orçada em cerca de 3,7 milhões de dólares (correspondentes a cerca 3,2 milhões de euros).

"As obras começaram em agosto do ano passado e vão terminar em agosto deste ano. A avaliação que fizemos até hoje no local é que estamos na ordem dos 50% de execução", disse à DW África Jeremias Mazoio, representante da Administração Nacional de Estradas (ANE) em Tete.

Mazoio indicou ainda que os trabalhos na ponte do Rovubwe estão projetados para garantir a resiliência da infraestrutura. "O que significa que, caso voltemos a ter correntes de água da mesma magnitude, elas não vão danificar a infraestrutura", explicou.

Enquanto as obras não terminam, a travessia sobre a ponte vai continuar condicionada para viaturas e peões. A carga máxima por viatura é de 3,5 toneladas.

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