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Moçambique: MDM acusa FRELIMO de sabotar reuniões do partido

23 de setembro de 2020

Líder do MDM denuncia clima de intolerância política em Moçambique. Daviz Simango acusa a FRELIMO de impedir reuniões daquela força da oposição em Inhambane e alerta para o risco de desvio de apoios do Estado.

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Portugal Daviz Simango an der UCCLA in Lissabon
Foto: DW/J. Carlos

O opositor moçambicano Daviz Simango, em entrevista à DW África, acusa a Frente de Liertação de Moçambique (FRELIMO) de interditar reuniões do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força política do país, em Inhambane. 

Segundo o líder partidário, o MDM sondou vários responsáveis de salões de eventos em Inhambane para realizar uma reunião do partido no sábado (20.09), mas ninguém aceitou receber aquela força da oposição. Numa das salas, o MDM chegou mesmo a pagar o aluguer, mas os donos terão cancelado o evento e devolvido o dinheiro, alegando que estavam a ser ameaçados pela elite política no poder.

Filipe Nyusi, Präsident von Mosambik
Filipe Nyusi, líder da FRELIMO e Presidente de MoçambiqueFoto: DW

"Fiquei chocado com a vergonha em Inhambane. Não entendi porque um partido político que se diz ser governante possa coagir um empresário a não aceitar o MDM a reunir-se, mesmo que tenha recebido dinheiro, com alegações de que está a ser ameaçado", relata Daviz Simango.

Segundo o líder do MDM, só uma sala de eventos esteve disponível para acolher o MDM, mas o preço acabou por ser inflacionado. O partido terá pago sete vezes mais do que o preço normal. 

Intolerância política não será situação nova, diz MDM

Daviz Simango mostra-se apreensivo com a conjuntura política atual em Moçambique, mas lembra que há um ano, em plena campanha eleitoral, a caravana do líder do MDM foi barrada várias vezes por supostos membros da FRELIMO. Para o opositor, a situação mostra que há “intolerância política” em Moçambique, algo que condena "veementemente".

O líder do MDM está também preocupado com os ataques armados no centro e norte do país. Daviz Simango pede ao Governo que inicie negociações com a autoproclamada Junta Militar da RENAMO, para acomodar todos os guerrilheiros que combateram ao lado do antigo líder daquele partido da oposição, o já falecido Afonso Dhlakama.

"Estamos preocupados com os conflitos na zona centro. Houve má negociação por não envolver os generais e soldados da RENAMO. Apelo ao diálogo e ao governo e à própria Junta Militar para se sentarem na mesma mesa, de forma justa, para que [os combatentes] se possam sentir integrados, porque sabemos que o malogrado vivia com estes guerrilheiros. Há que encontrar uma saída para que não haja mais ataques na zona centro", defende Daviz Simango.

Mosambik Wahlkampf 2019
Ns últimas eleições em Moçambique, a caravana do líder do MDM foi barrada várias vezes em eventos partidáriosFoto: DW/M. Sampaio

Em relação aos ataques de insurgentes na província nortenha de Cabo Delgado, o presidente do MDM opina que se tem de condições "para que o terrorismo não se alastre a outras províncias". "É preciso que as Forças de Defesa e Segurança não violem os direitos humanos por raiva e má disposição. Isto mancha e [coloca] o país na lama", adverte.

Desvio de fundos de apoio para agricultores


Outra das preocupações de Daviz Simango tem a ver com o projeto "Sustenta". O programa de apoio social visa ajudar os agricultores para que possam aumentar a sua capacidade de produção, mas o presidente do MDM afirma que a iniciativa não passa de mais um "bolo" para os membros do partido no poder.

"Em Gaza, por exemplo, 99% dos beneficiários do anterior projeto não pagaram nada. Distribuíram-se tratores a vários empresários que não estavam ligados à produção agrária. Portanto, pode-se estar a apoderar camaradas para interesses privados e isso é muito mau", alerta.

A DW África contactou várias vezes a FRELIMO para obter uma reação às declarações de Daviz Simango, mas não obteve resposta.

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