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Moçambique: Ossufo Momade ainda é "marca" pouco conhecida

Nádia Issufo
12 de junho de 2019

Ossufo Momade sabe que nunca será popular como Afonso Dhlakama. E para piorar, em ano eleitoral, sujeito a condicionalismos para se "vender". Diz-se que está sitiado pelos seus próprios homens, o que Ossufo desmente.

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Mosambik Renamo Parteikongress in Gorongosa
Foto: DW/A. Sebastiao

Contribuem para a fraca exposição da "marca" Ossufo Momade o confinamento a que está sujeito na serra da Gorongosa. Mas o líder do maior partido da oposição em Moçambique, a RENAMO, Ossufo Momade, pensa em se auto-promover em breve, afinal as eleições estão a porta, só que está novamente condicionado: depende do desfecho das negociações de paz entre a RENAMO e o Governo da FRELIMO. Entretanto há uma prazo para formalizar a sua candidatura à presidência... A DW África entrevistou-o: 

DW África: Afonso Dhlakama, falecido líder da RENAMO, é uma marca bem disseminada e bem aceite entre o eleitorado da RENAMO. O que o senhor Ossufo está a fazer para construir a sua marca e substituir o "fantasma" de Afonso Dhlakama?

Ossufo Momade (OM): Ninguém vai chegar a altura de Afonso Dhlakama, presidente Dhlakama foi presidente Dhlakama. Eu Ossufo estou a trabalhar caminhando no que foi o projeto do presidente Dhlakama, por isso estou a seguir os seus passos, porque o povo moçambicano quer a paz, o desenvolvimento e democracia. Por isso estamos a trabalhar neste momento para que mostremos o que queremos que aconteça em Moçambique, para que o povo sinta Moçambique como o seu país.

DW África: Mas neste momento qual é a sua estratégia junto do eleitorado quando faltam poucos meses para a realização das eleições?

Mosambik  Afonso Dhlakama
Afonso DhlakamaFoto: Getty Images/S. Costa

OM: Como sabe estou aqui na serra [da Gorongosa] e a única alternativa a partir daqui são as teleconferências, falar a partir daqui para as províncias, distritos para que acompanhem o nosso projeto, o que pretendemos fazer quando formos Governo. Depois de iniciarmos com este processo, a partir daí quando existir compromisso da minha segurança, para que não aconteça o que aconteceu no passado com o saudoso presidente [Dhlakama] é quando me vou deslocar para as províncias para que todos conheçam o Ossufo e que mensagem leva o Ossufo para que acabemos com a corrupção, para que desenvolvamos o nosso país, porque o nosso país é rico mas está a ser empobrecido.

DW África: E quando sairá da serra para iniciar a sua campanha eleitoral e preparar a sua vitória?

OM: É por isso que estou a dizer, vai depender do que vamos encontrar na mesa [de negociações], porque é preciso que haja confiança, tranquilidade e que não aconteça o que aconteceu no passado, que um líder da RENAMO seja emboscado no decurso das suas atividades políticas. Por isso deve existir um compromisso para que o que aconteceu com o saudoso presidente não se repita.

DW África: Pela primeira vez em Moçambique realiza-se a eleição que vai ditar a escolha dos governadores provinciais. A RENAMO já tem nomes para esses cargos?

Moçambique: Ossufo Momade ainda é "marca" pouco conhecida

OM: Nós somos democratas, tudo vai aparecer quando começarem as conferências distritais e provinciais. Nós não vamos citar nada, tudo vai aparecer quando iniciarmos as conferências ao nível dos distritos assim como nas províncias, é de lá onde vão sair os cabeças de lista de cada província. 

DW África: Circula uma carta nas redes sociais onde o senhor Ossufo é acusado de várias coisas, uma delas é perseguir os militares que eram próximos de Afonso Dhlakama dentro do estado-maior general da RENAMO. Isso constitui verdade?

OM: Eu era próximo do presidente Dhlakama, vou-me perseguir também? [risos]. Está aqui o chefe do estado-maior general que esteve com o presidente Dhlakama e está a trabalhar connosco. Se a minha irmã vier cá amanhã vai encontrar o general que trabalhou com o presidente Dhlakama. Essas são pessoas de má fé, querem criar problemas na RENAMO. Aqui não há nenhuma perseguição, estamos a trabalhar como vínhamos a trabalhar com o presidente Dhlakama.

DW África: Não há nenhuma execução [sumária]?

OM: O nosso trabalho neste momento não é de executar pessoas, não somos pessoas criminosas, somos pessoas honestas e responsáveis. Estão a tentar manchar o nome do grande partido RENAMO.

Mosambik Renamo Rebellen in den Bergen von Gorongosa
Homens armados da RENAMO na Gorongosa, centro de MoçambiqueFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

DW África: Falam [na carta] de um coronel de nome Josefa Isaías de Sousa que terá sido assassinado a seu mando...

OM: Isso é uma pura mentira, não é verdade! Se vier aqui amanhã e perguntar não encontrará alguém que tenha sido fuzilado.

DW África: Também não é verdade que o senhor Ossufo Momade está refém dos homens armados da RENAMO aí na serra da Gorongosa...

OM: Se estivesse refém estaria a conversar consigo? [risos] Estaria a dar esta entrevista? Estaria a rir, satisfeito? Isso para dizer que não tenho medo dos homens que estão comigo aqui. Estou livre, estou com os quadros do meu partido que estão a trabalhar comigo desde que cheguei aqui em junho do ano passado até aqui estou com eles sem nenhum problema. E estive com eles durante 16 anos, que medo vou ter hoje?

DW África: Portanto, a coesão da RENAMO não está em causa?

OM: Não está, não está. Nós estamos juntos e trabalhamos juntos. Viu quando foi da indicação do secretário geral, todos ficaram satisfeitos, dançaram. Isso para dizer que não há nenhuma situação anómala e estamos a trabalhar para a nossa vitória.

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