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Moçambique: Faltam docentes e mesas no início do ano lectivo

Leonel Matias (Maputo)
5 de fevereiro de 2018

Aulas do ensino primário e secundário começaram esta segunda-feira. Apesar dos esforços do Governo, o país continua a registar um défice de professores e muitas crianças vão estudar ainda ao relento ou sentadas no chão.

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Mosambik, Maputo, Primarschule 16 de Junho
Foto: DW/L.Matias

Mais de sete milhões e seiscentos mil alunos estão matriculados para frequentar os ensinos primário e secundário este ano em Moçambique. O número representa um aumento de cerca de 400 mil alunos inscritos, comparativamente ao ano passado.

Dados do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano indicam que o sector contratou este ano mais de cinco mil novos professores, dos quais quatro mil foram integrados no sector primário. Com estas contratações, o ensino primário vai passar a contar com cerca de 90 mil professores. No entanto, ainda faltam docentes.

"Vamos continuar com um défice de cerca de 14 mil professores para o primeiro nível do ensino primário", diz Manuel Simbine, porta voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, que justifica a falta com "os limites orçamentais". Simbine diz que "o sector vai fazer a gestão”, garantindo que "nenhuma turma vai ficar sem professor porque as crianças têm de ser lecionadas".

Alunos sentados no chão

Moçambique: Faltam docentes e mesas no início do ano lectivo

O novo ano lectivo vai também continuar a ser de dificuldades para muitas crianças que serão obrigadas a estudar ao relento ou sentadas no chão, apesar do país ser rico em florestas.

O sector da educação vai contar este ano com 400 novas salas de aula e 50 mil carteiras – um número, no entanto, insuficiente para satisfazer a demanda.

A situação vai ficar minimizada em parte com o fabrico de mais de 10 mil carteiras resultantes de uma operação levada a cabo pelo governo em 2017 que permitiu apreender quantidades consideráveis de madeira que já estava preparada  para ser exportada ilegalmente.

A capital, Maputo, é uma das regiões com menos problemas, conforme indicações do Director da Educação e Desenvolvimento Humano, Artur Dombo: "A cidade de Maputo estará bem apetrechada. Todos os alunos vão sentar dois a dois como mandam as normas".

Livros em braile

Mosambik, Maputo, Lehrer Eduardo Inzenzela
Eduardo InzenzelaFoto: DW/L.Matias

Uma inovação neste novo ano lectivo será a introdução de livros para crianças em braile, um sistema de escrita táctil utilizado por pessoas cegas ou com problemas graves de visão.

O docente Eduardo Inzenzela considera importante a introdução deste sistema e afirma que "o ensino inclusivo começa a ser vincado neste processo de ensino. É uma mais valia também para as crianças que ficavam delegadas para o segundo plano, uma vez que não havia esta condição".

O professor lembra ainda que este "é também um desafio para o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano: formar docentes nesta área, independentemente do seu estado físico".

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