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Governador de Inhambane acusado de censurar imprensa

Luciano da Conceição (Inhambane)30 de agosto de 2016

Daniel Chapo é acusado de excluir a imprensa da divulgação de ações do governo provincial. O Sindicato Provincial de Jornalistas aguarda um encontro, em breve, entre o governador e jornalistas.

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Foto: picture-alliance/dpa

Está instalado o braço de ferro entre o governador da província de Inhambane, sul de Moçambique, e os jornalistas locais, principalmente os que trabalham para meios de comunicação social privados. O mau estar sente-se desde março, semanas depois da tomada de posse de Daniel Chapo.

Santos Vasco Sevene, operador de imagem na Televisão Independente de Moçambique (TIM), explicou à DW África, que foi vítima de maus-tratos e descriminação durante a cobertura da visita do Presidente da República, Filipe Nyusi, na primeira quinzena de agosto.

“Há muita descriminação. Em Jangamo foi-me cedido um carro, para mim e para o meu colega, que só tinha lugar para uma pessoa. Como éramos dois, eu tinha que ir atrás (na carroçaria) com as câmaras e o material em uso. O carro devia fazer o trajeto entre Maxixe e Vilankulo”, uma distância de cerca de 300 km, sublinha Santos Vasco Sevene.

Além disso, nessa ocasião, “foi dito a todos os jornalistas que havia casas [para os albergar], mas quando chegámos alguns, como eu, tiveram que arranjar sítio para dormir”, critica o operador de câmara da TIM.

Governador vira costas à comunicação

Para Sérgio Come, jornalista da Rádio Progresso, “é inexistente” uma colaboração com o governo provincial. “Não somos chamados para podermos fazer coberturas” de cerimónias governamentais e de outros eventos oficiais, refere o jornalista. Desconhece os motivos desta exclusão e lamenta pois garante trabalhar com jornalistas profissionais.
“O que acontece é que nós, como órgãos de comunicação principalmente privados, estamos disponíveis para divulgar eventos do governo, mas o próprio governo não colabora e acaba lesando a nossa parte”, aponta Anastácio Chirute, repórter do semanário Dossier e Facto.

Por isso, é evidente “uma exclusão na seleção dos órgãos, não há esta inteira disponibilidade do próprio governo em querer colaborar com os órgãos de comunicação a nível da província de Inhambane”, acrescenta o jornalista.

Plataforma de entendimento

Matias Vilankulo, secretário provincial do Sindicato de Jornalistas em Inhambane, revela falha na assessoria de imprensa do governo provincial.

“A falha pode estar a residir na importância que os órgãos de comunicação social têm. Provavelmente, as pessoas que estão no gabinete (de imprensa) não tenham a noção do que são órgãos de comunicação social. Para elas, provavelmente, os órgãos de comunicação social são apenas os do setor público, mas não são. Os órgãos de comunicação social são todos que existem na província, cujo trabalho é a recolha, processamento e divulgação de informação”, esclarece Matias Vilankulo.

Para o representante do Sindicato de Jornalistas, “é necessário criar um fórum de discussão sobre o problema, solicitar o gabinete de imprensa ou o próprio governador para encontrar rapidamente uma plataforma” de entendimento.

A nossa reportagem tentou, sem sucesso, ouvir o governador de Inhambane e o assessor de imprensa sobre o assunto.

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Mosambik Anastacio Chirute, Journalist
Anastácio Chirute, repórter do semanário Dossier e FactoFoto: DW/L. da Conceição
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