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Educação

Moçambique lança Semana de Alfabetização de Adultos

Bernardo Jequete (Manica)
1 de setembro de 2018

Na província de Manica, no centro do país, apesar de desistências, programa de alfabetização este ano deverá beneficiar mais de 19 mil adultos. Alfabetizandos comemoram resultados.

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Alfabetizandos da província de ManicaFoto: DW/B. Chicotimba

Sob o lema "Alfabetização e Desenvolvimento de Habilidades", as autoridades do setor da Educação e Desenvolvimento Humano, em Moçambique, lançaram este sábado (01.09) a Semana de Alfabetização e Educação de Adultos. Entretanto, na província de Manica, centro do país, a direção provincial da educação diz estar preocupada com as desistências massivas dos alfabetizandos.

O diretor provincial da Educação e Desenvolvimento Humano em Manica, Estêvão Rupela, apontou a época chuvosa e da sementeira como sendo os fatores principais que influenciam na desistência massiva dos alunos.

Apesar do problema enfrentado, o dirigente explicou que, mesmo com uma ligeira diminuição de inscritos, neste ano foram registados ao nível da província de Manica 19.923 mil alfabetizandos contra 20.475 mil do ano passado. Os alunos serão assistidos por 387 alfabetizadores nos diversos programas de Alfabetização. 

Mosambik Lese- und Schreibwoche in Manica
Estêvão Rupela, diretor provincial da educaçãoFoto: DW/B. Chicotimba

Segundo o diretor, "os resultados alcançados no âmbito da alfabetização e educação de adultos e educação não formal nesta província são encorajadores". "Reduzimos nos últimos 5 anos o índice de analfabetismo em Manica de 43% para 34%, resultado conseguido pelo empenho dos membros dos Governos a vários níveis, parceiros, líderes comunitários, religiosos, professores, educadores profissionais, alfabetizadores voluntários bem como o envolvimento da população nos programas de alfabetização", explicou.

Histórias de aprendizagem

Tina Simone, mãe de 32 anos de idade e alfabetizanda do segundo ano, enalteceu o Governo por ter introduzido a educação de adultos no país. Foi através deste ensino que ela aprendeu a falar a língua portuguesa, fazer cálculos e interpretar prescrição médica, entre outras habilidades.

"Quando entrei tive muito receio das minhas amigas, mas com a ajuda dos alfabetizadores, que sempre me davam força, acabei superando a vergonha. Agora pelo menos já sei ler, escrever e fazer cálculos", contou Tina Simone.

Para ela, "o desafio é um dia concluir com os estudos do ensino médio e começar a concorrer para cursos profissionalizantes de formação ou concorrer a uma vaga na universidade e fazer uma licenciatura". "Gostaria de apelar às outras mães que também tem vergonha de frequentar o ensino de adultos para que o façam, pois estudar não tem idade", encorajou.

Mariazinha Francisco, outra alfabetizanda de 34 anos de idade, considera que o ensino moldou-a em vários aspetos. "Eu não sabia interpretar nenhuma escrita. Agora já ensino também a minha filha algumas coisas e também faço trabalhos de casa para ela, o que não conseguia fazer".

Mosambik Lese- und Schreibwoche in Manica
Tina SimoneFoto: DW/B. Chicotimba

A alfabetizanda conta que já mobilizou várias mães para também aderirem ao ensino de adultos e muitas delas já graduaram, enquanto outras estão a frequentar o ensino secundário. "Sinto-me lisonjeada por isso. No próximo ano vou concorrer para a escola de formação de professores. Quero me formar e dar aulas também".

Programas como o Família Sem Analfabetismo (PROFASA) e o Literacia e Educação Integrada transformando Agricultores e Cooperativas (LEITAC), entre outros, são implementados na província de Manica, que possui cerca de 500 centros de alfabetização.

Sobre o lema da Semana de Alfabetização e Educação de Adultos deste ano, o diretor Estêvão Rupela disse que "é bastante sugestivo para o momento atual que nos encontramos, dado que nossas mamãs e nossos papas, munidos de habilidades, nos ajudam a difundir conhecimentos que tantos precisamos para combatermos a pobreza e garantirmos um desenvolvimento sustentável".

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