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Moçambique: Luta chega ao fim na Jindal

Arcénio Sebastião (Beira)
10 de janeiro de 2018

População à volta da Jindal será indemnizada por ter de sair das suas terras para longe da mineradora, por causa da poluição. Mas agora, a empresa ameaça não pagar salários, por ter estado parada durante tanto tempo.

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Mina de carvão da Jindal em Tete, MoçambiqueFoto: DW/A. Sebastiao

A Jindal esteve paralisada durante três semanas, depois de populares bloquearem as vias de acesso à mineradora. Quem mora nas imediações da mina e da fábrica reivindicava o seu reassentamento rápido noutras zonas, para fugir à poluição.

A luta pelas indemnizações parece, agora, ter chegado ao fim. A mina voltou a funcionar após três semanas de negociações, entre os populares, a empresa e o Governo. O Estado comprometeu-se a pagar indemnizações a cerca de 300 famílias da comunidade de Cassoca, que vive na área de concessão da Jindal.

Processo de indemnizações em curso

O pagamento deverá ser feito ao longo dos próximos três anos, segundo o diretor provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural de Tete.

Manuel Victor esclarece:  "O que estamos a fazer é a parte processual, que vai ditar quando é que vamos pagar. De facto, as atividades estavam paradas, mas desde ontem começaram a trabalhar, e o Governo é quem estava à frente do processo. Estamos no processo de tramitação, que é abertura de contas, e muito mais."

O Executivo assume, assim, segundo Manuel Victor, uma responsabilidade da Jindal, porque há terrenos agrícolas usados pela população que estão fora da área de concessão da mineradora.

Ladeterminal Jindal Moatize - Linha de Sena
Espaço da empresa mineira Jindal em TeteFoto: DW/J. Beck

Ao todo, as indemnizações serão de mais de 104 milhões de meticais – mais de um milhão e quinhentos mil euros. O dinheiro para as indemnizações provirá dos impostos que a mineradora pagou ao Governo, segundo Tamimo Américo Mário, um representante da população que esteve envolvido nas negociações.

Atrasos no pagamento de salários desagrada trabalhadores

Mas agora, dentro da Jindal, a luta poderá continuar. A direção administrativa da mineradora reuniu-se com o comité sindical da empresa para anunciar um possível atraso no pagamento de salários, porque a Jindal não fez exportações enquanto as vias de acesso estiveram bloqueadas.

"De facto, tivemos essa solicitação, fomos ontem à direção da empresa e nos informaram que neste mês de janeiro teremos problemas no pagamento de salários", conta Azarias Moiane, presidente do comité sindical da Jindal.

E o anúncio não foi bem recebido pelos trabalhadores, segundo Moiane: "Nós, como comité sindical, levámos a informação para os trabalhadores e, de facto, não foi bem recebida, olhando ao período em que estamos das matrículas nas escolas, de compra de cadernos, de facto não foi bem recebida."

A DW África tentou falar com a Jindal, sem sucesso.