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Moçambique na luta pela digitalização de dados meteorológicos

Romeu da Silva (Maputo) 2 de maio de 2014

Moçambique precisa de digitalizar dados climáticos históricos para melhorar o sistema de aviso prévio e alertas sobre a ocorrência de cheias. As lacunas na informação prejudicam a população em zonas de risco.

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Chuvas fortes no Chokwé, província de Gaza, MoçambiqueFoto: DW/R. da Silva

Países banhados pelo Oceano Índico desdobram-se em esforços para a recuperação de dados climáticos históricos.

A ideia é reforçar a informação sobre ocorrência de desastres naturais, a fim de mitigar os efeitos destes, como referiu o vice-ministro moçambicano dos Transportes e Comunicações, Eusébio Saíde.

Moçambique é um dos países que não possui estes dados, devido a incapacidade financeira e recursos humanos.

Por causa disto, o país não tem informações sobre o que no futuro poderá ocorrer em termos de desastres naturais e mudanças climáticas, disse o vice-ministro Saíde.

E para responder a esta lacuna, de acordo com Eusébio Saíde, "o Governo de Moçambique, através do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique e outros parceiros, tem envidado esforços no sentido de serem digitalizados os dados climáticos arquivados em papel."

Mas Eusébio Saíde reconhece que "esse exercício não tem sido fácil devido a fatores associados à capacidade humana e financeira do país."

Esforços de prevenção

Em Moçambque, muitas pessoas ainda vivem em zonas de risco de ocorrência de cheias. Por isso, o Governo, tem estado anualmente a lançar avisos sobre ocorrência destas calamidades.

Überschwemmungen in Mosambik
As cheias destroem infraestruturas e desalojam milhares de pessoas anualmenteFoto: AP

O vice-ministro exemplifica os resultados alcançados com as medidas tomadas pelo seu governo: "Apesar das diferenças dos dois eventos (cheias), o impacto das cheias de 2000 foi maior do que ocorreu em 2013. Isto porque as lições aprendidas foram usadas para melhorar a nossa capacidade de resposta a estes eventos."

Ao nível da região Austral, Moçambique é o país mais afetado pelas cheias, devido à sua localização geográfica, não bastando os alertas emitidos dois a cinco dias antes do evento.

Eusébio Saíde diz ainda que "os governos também estão a envidar esforços no sentido de aumentar a capacidade dos serviços de meteorologia e de aviso prévio."

Segundo o vice-ministro dos Transportes e Comunicações isso é mérito do seu Governo: "Isto demonstra o nosso comprometimento em relação à preservação do ambiente, visando mitigar as causas das mudanças climáticas."

O Oceano Índico é importante para compreender os aspetos científicos que acionam a variabilidade climática em grande escala.

Recuperação e digitalização de dados históricos

Filipe Lúcio, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), indica que o conhecimento sobre o comportamento dos parâmetros meteorológicos e climáticos deve basear-se na coleta de dados "que permita a caraterização, o perfil e tendências" tendo por outro lado justificado a sua importância: "A utilização destes dados para trabalhos de investigação que permitam uma melhor compreensão das interações oceano-atmosfera, e a melhoria da qualidadde das previsões."

Na região da orla do Índico a qualidade de observações está abaixo do desejado, para fins de compreensão do sistema climático.

Filipe Lúcio adverte para as consequências do desaparecimento de dados do séc. XIX, devido às condições de conservação: "É necessário e urgente que estes dados seja recuperados e digitalizados de modo a que possam engrossar as informações que irão ajudar para uma melhor compreensão e previsão do tempo e do clima."

Katastrophenübung in Beira
Lição de prevenção de desastres naturais na Beira, centro do país

Lúcio recorda que "existem volumes consideráveis de dados atmosféricos e oceanográficos que datam do séc. XIX e até, nalguns casos, do séc. XVIII, em risco de desaparecimento".

Moçambique é afetado em média por secas com uma frequência que varia dos três aos sete anos com maior incidência para o centro e sul do país.

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