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Nyusi anuncia mais um mês de estado de emergência

Leonel Matias (Maputo)
28 de maio de 2020

O Presidente moçambicano anunciou esta quinta-feira à noite a prorrogação do estado de emergência por mais 30 dias. Medida visa "controlar a propagação" da Covid-19 pelo país e evitar um "lockdown", afirmou Filipe Nyusi.

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Foto: DW

A dois dias do fim do estado de emergência, em vigor desde 1 de abril, o Presidente Filipe Nyusi anunciou esta quinta-feira que decidiu "prorrogar pela segunda vez o estado de emergência por mais 30 dias em todo o território nacional, com início as zero horas do dia 31 de maio."

Filipe Nyusi explicou numa comunicação a nação que "estas medidas não visam acabar com a Covid-19, mas controlar a sua propagação pelo país e evitar que tenhamos de acionar as medidas de nível 4, ou seja o 'lockdown'. Visam atrasar ou achatar a curva de crescimento."

A decisão do chefe de Estado já foi submetida ao Parlamento, onde deverá ser apreciada esta sexta-feira (29.05). Filipe Nyusi lamentou que, apesar de um conjunto de medidas implementadas pelo Governo, ainda persistam algumas fragilidades. Acrescentou que os próximos 15 dias serão decisivos para a tomada de medidas de relaxamento.

Em Moçambique, todas as províncias têm já pessoas infetadas com Covid-19, na sequência do registo do primeiro caso nas últimas 24 horas na província do Niassa, revelou a Diretora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, durante uma conferência de imprensa.

O país contabilizou mais seis infetados, passando o número de casos cumulativos positivos para 233. Até agora, o país registou dois óbitos e 82 doentes recuperados.

Até outubro: Testagem em todas as províncias

Esta quinta-feira (28.05) o ministro da Saúde, Armindo Tiago, informou no Parlamento que a testagem da Covid-19, atualmente centralizada em Maputo, passará a ser realizada a partir de junho em cinco províncias, prevendo-se que as restantes sejam abrangidas até outubro.

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"Porque a nossa visão é uma visão nacional, a partir de outubro o nosso cronograma indica que o país estará coberto", assegurou.

Ajuda de Cuba, incluindo fármaco

Entretanto, foi anunciada a chegada no próximo fim de semana a Maputo de 60 médicos cubanos para apoiar nos esforços de prevenção da Covid-19.

"Quando chegarem não têm data de saída. Eles [ficam] aqui até ao momento em que Moçambique controle a pandemia", afirmou Pavel Díaz Hernández, embaixador de Cuba em Moçambique.

O diplomata disse ainda que Cuba vai fornecer em breve a Moçambique 20 mil doses de "Interferon", um fármaco produzido naquele país latino-americano responsável pelo reforço do sistema imunológico. As remessas cubanas poderão incluir igualmente outros dois fármacos que servem para estabilizar a imunidade.

"Vamos ter a diferença"

Moçambique recebeu até ao momento 309 milhões dos 700 milhões de dólares que solicitou a comunidade internacional para ajudar a prevenir e combater a Covid-19.

"Temos a certeza de que vamos ter a diferença", assegurou, no Parlamento, o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, tendo acrescentado que a maior parte do montante destina-se à área social, no âmbito das medidas do Governo para reduzir o impacto da pandemia.

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"Duzentos e quarenta milhões é para as famílias e 160 milhões é para apoiar micronegócios. Nestes micronegócios estamos a ver todos aqueles que vivem de pequenos negócios, mas que hoje não o podem fazer", afirmou.

Segundo o governante, no âmbito deste projeto deverão ser assistidos cerca de 5 milhões de pessoas carenciadas em 42 distritos.

Projetos de emprego para locais de ataques

No Parlamento, os deputados questionaram ainda o Governo sobre os ataques de insurgentes na província de Cabo Delgado e de homens armados da autoproclamada Junta Militar no centro do país.

O primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, disse que o Governo vai continuar a levar a cabo intervenções multissetoriais nas duas regiões afetadas pela insegurança, "através de projetos de geração de emprego e de renda, sobretudo para beneficiar mulheres e jovens."

De acordo com Carlos Agostinho do Rosário, "esta abordagem tem estado a permitir a defesa das populações, o restabelecimento normal do funcionamento das instituições públicas e privadas, assim como a recuperação gradual da atividade económica nos distritos afetados na província de Cabo Delgado."

A bancada da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) voltou a responsabilizar a RENAMO pelos ataques no centro do país e apelou à Resistência Nacional Moçambicana para, em conjunto com a Junta Militar, encontrar uma solução para o fim dos ataques.

Contudo, o deputado da RENAMO, André Madjibiri, fez questão de frisar: "Em relação aos ataques da zona centro, gostaríamos de dizer, aqui e agora, que a RENAMO e o seu presidente, Ossufo Momade, distanciam-se desses atos. Deixamos a responsabilidade de proteger o povo e os seus bens ao Estado moçambicano." 

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