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Moçambique: Criança albina raptada no Niassa

Manuel David (Lichinga)
9 de julho de 2018

Uma criança albina foi raptada na madrugada desta segunda-feira (09.07.) na residência dos seus pais na cidade de Lichinga. Trata-se do primeiro rapto de um albino este ano no Niassa. O caso já está nas mãos do SERNIC.

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Crianças albinas. Foto simbólicaFoto: Tony Karumba/AFP/Getty Images

Pouco depois de o país assinalar um ano sem raptos ou assassinatos de albinos, raptores infiltraram-se na casa dos pais do menino por um buraco feito na parede do quarto onde o menor dormia juntamente com outros irmãos.

Triste, Pires Ernesto, pai do menor, conta: "Quando cheguei do serviço, por volta de uma hora, o meu irmão Carlito chamou-me para me dizer que o meu filho tinha desaparecido e perguntei-lhe como é que isso tinha acontecido, pelo que me respondeu furaram a parede e tiraram a criança do quarto. Disse ainda que estavam a informar aos vizinhos [sobre o sucedido]. Quando regressei à casa na verdade não encontrei a criança”.De recordar que os raptos de albinos que têm ocorrido em Moçambique estão na sua maioria relacionados com superstições. Acredita-se que determinadas partes do corpo dos albinos possuem poderes mágicos e por causa disso muitos acabam por ser mortos ou mutilados.

Angriff auf Albinos in Niassa
Buraco feito na parede do quarto onde o menor dormiaFoto: DW/M. David

Ressurgimento de raptos causa preocupação

Trindade Guilherme, representante da associação Amor à Vida na província do Niassa, encara o ressurgimento dos raptos de albinos com uma grande preocupação e apela as autoridades para serem mais céleres nas investigações para que os autores sejam encontrados e punidos.

"É triste, anteriormente ocorriam muitos raptos e de repente tudo acabou. Já pensávamos que situações do género tinham acabado definitivamente. Mas esta manhã no Bairro de Niassa I houve um rapto e voltamos a ficar preocupados. Pedimos a polícia para que redobre os esforços de investigação para que se possa viver com mais tranquilidade", lamenta.Depois da ocorrência comunicada à polícia pelos familiares do menor, as autoridades deslocaram-se ao local como disse Alves Mate, porta-voz da corporação Niassa. Ele garantiu que a polícia está a investigar o assunto, mas não avançou detalhes.

Trindade Guilherme
Trindade GuilhermeFoto: DW/M. David

"Logo que a Polícia recebeu a informação sobre esta ocorrência dedicou a máxima atenção ao caso que foi imediatamente encaminhado para o SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal),  visto tratar-se de um assunto que não é da competência da Polícia", esclarece o porta-voz da Polícia em Niassa.

Investigação

Alves Mate lembra que "a investigação demora um certo tempo, mas neste momento a nossa Polícia já está a trabalhar juntamente com o SERNIC para desvendar mais este rapto."

Em Moçambique, há leis que protegem as pessoas com albinismo. Mas, muitas vezes, as autoridades não conseguem apanhar os raptores. Por um lado, há poucas denúncias e faltam meios à Polícia.

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