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Moçambique: RENAMO distancia-se da Junta Militar

Arcénio Sebastião
28 de fevereiro de 2022

O maior partido da oposição em Moçambique, a RENAMO, atira a responsabilidade de desarmar os guerrilheiros da Junta Militar, que dá sinais de estar a "resuscitar", ao Governo.

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 RENAMO Guerillakämpfer in Gorongosa, Mosambik
Guerrilheiros da RENAMO em Gorongosa (foto ilustrativa)Foto: DW/A. Sebastiao

A RENAMO, maior partido da oposição em Moçambique, reitera o seu distanciamento dos elementos e ações da autoproclamada Junta Militar, dissidente do partido. Em entrevista à DW África o porta-voz do partido, José Manteigas, disse: "Não temos nenhum dado sobre essa informação e o presidente da RENAMO sempre disse que não tem nada a ver com a Junta Militar".

"Estamos comprometidos com o processo de desmobilização, desarmamento e reintegração (DDR) dos nossos combatentes. Distanciámo-nos de tudo o que está a acontecer, compete ao Estado evitar que haja insegurança na zona centro", afirma Manteigas.

Neste sábado (26.02), o brigadeiro Chongo Vidigal do Ministério da Defesa nacional fez saber do ressurgimento da Junta Militar durante uma reunião ocorrida há uma semana nas imediações da serra da Gorongosa, região tida como umbigo da guerrilha da RENAMO.

"É um assunto recente, aconteceu na zona de Gorongosa, na serra de Gorongosa, é onde eles se encontram normalmente", afirma Vidigal.

Chongo Vidigal
Brigadeiro Chongo VidigalFoto: Arcénio Sebastião/DW

Desarmamento do grupo

Em 2019, iniciou aqui o processo de desarmamento desmobilização e reintegração (DDR) de cerca de cinco mil combatentes da RENAMO, que incluiu mais tarde os homens da Junta Militar.

Sobre a responsabilidade de incluir este grupo no DDR e garantir a paz na região, José Manteigas atira a responsabilidade ao Governo, "se Chongo tem conhecimento, as Forças de Defesa e Segurança têm conhecimento sobre este grupo que se está a reagrupar".

E Manteigas questiona: "O que é que as forças armadas fizeram para impedir que este grupo se reagrupe e comece a perpetrar atos de terror?" e apela: "O conselho que nós damos, se efetivamente existe este grupo é de que é preciso aderir ao DDR".

Questionado sobre a possibilidade de os recém eleitos serem ou não os combatentes que aguardam pela desmobilização, Manteigas disse que "não há essa possibilidade porque as nossas forças são muito disciplinadas".

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O militar explica que "depois do acordo geral de paz, em 1992, ficamos cerca de trinta anos e os nossos combatentes estavam em condições deploráveis mas nunca pegaram na arma, nem agrediram seja quem for, portanto não há essa possibilidade".

Como abordar a situação?

O analista Tobias Zacarias adverte que a provável existência deste grupo deve ser levada a sério e que o interregno da atuação da Junta Militar observado talvez seja estratégico, "quem veio dizer que a Junta Militar da RENAMO se está a reagrupar não é o Governo, mas sim fontes militares".

Tendo isto em conta, Zacarias mostra-se preocupado e entende que "se são fontes militares de certeza que elas tem informações privilegiadas, por isso olho com prevenção medo e com dúvidas sobre o nosso futuro, sobretudo nesta região do país que é o centro. A possibilidade de que a Junta Militar se esteja a reorganizar não deve ser descartada".

O analista defende no entanto o uso do diálogo para o alcance da paz, entendendo que "o Governo tem a responsabilidade de procurar esses homens, de continuar a negociar, de se sentar com esses homens da junta militar, eu tenho muita fé nas pessoas que nos governam eles têm essa capacidade".

No Parlamento, a FRELIMO, partido no poder, manifestou preocupação em relação à situação. Sérgio Pantie disse que é um sinal de que a junta "pretende continuar pelo caminho do saque, da matança, dos assassinatos e da destruição de infraestruturas importantes para o desenvolvimento do país.

"Apelamos aos integrantes da Junta Militar da RENAMO, bem como à sua ala política, para abandonarem o caminho do banditismo armado, seguindo o caminho da paz", disse Pantie.

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