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Morte de Navalny: Mundo aponta dedo ao Kremlin

nn | com agências
16 de fevereiro de 2024

Chefes de Estado de todo o mundo demonstram nas redes sociais choque, surpresa e horror pela morte de Alexei Navalny. Opositor morreu sob custódia penitencial russa. Líderes internacionais apontam dedo a Vladimir Putin.

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Manifestante empunha cartaz em protesto em Berlim, Alemanha, a propósito da morte de Alexei Navalny
Centenas de pessoas, com velas, flores e cartazes, juntaram-se hoje em frente à embaixada da Rússia em Berlim, para homenagear o opositor russo Alexei Navalny, que morreu na prisãoFoto: Liesa Johannssen/REUTERS

A notícia da morte do mais importante crítico russo do Kremlin, Alexei Navalny, causou transtorno, dor e indignação na Alemanha. O chanceler Olaf Scholz foi surpreendido com a notícia durante uma reunião com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, esta manhã (16.02). O chanceler conhecia pessoalmente Alexei Navalny, relação que se tornou próxima após a passagem do dissidente russo por Berlim, quando procurou tratamento médico após um ataque com recurso a envenenamento em 2021.

Na rede social X, antigo Twitter, o chefe de Estado alemão foi perentório ao afirmar que a coragem do opositor russo custou-lhe a vida.

"Estou profundamente triste com a morte de Alexei Navalny. Ele defendeu a democracia e a liberdade na Rússia - e aparentemente pagou pela sua coragem com a sua própria vida. Esta terrível notícia mostra mais uma vez como a Rússia mudou", escreveu Olaf Scholz.

Zelensky também se mostrou chocado e indignado com a notícia: "é óbvio que Navalny foi morto por Putin, como milhares de outros que foram atormentados e torturados por causa desta única pessoa”. "É por isso que Putin tem de perder tudo. Ele não pode ficar com nada e deve ser responsabilizado pelo que fez", afirmou o Presidente ucraniano antes de deixar Berlim para se deslocar até à Conferência de Segurança de Munique, no sul do país.

Num momento em que dezenas de chefes de Estado e de Governo, centenas de ministros e numerosos especialistas políticos estão a discutir, entre outras coisas, a agressão russa na Ucrânia, numerosos participantes manifestaram-se chocados com a morte de Navalny, que estava detido, durante esse evento no sul da Alemanha.

A esposa de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, uma das participantes, indicou que ainda não teve a confirmação da morte do seu marido. Mas se a notícia for verdadeira, pediu que o líder russo Vladimir Putin seja responsabilizado. Putin e os seus aliados deveriam "ser punidos pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido", exigiu.

Yulia Navalnaya, esposa de Alexei Navalny, esta tarde em Munique
Yulia Navalnaya, esposa de Alexei Navalny, esta tarde em MuniqueFoto: Kai Pfaffenbach/AP Photo/picture alliance

Líderes internacionais indignados

A União Europeia (UE) considera "o regime russo" o "único responsável pela trágica morte" de Alexei Navalny, declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. "Alexei Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia. Pelos seus ideais, fez o sacrifício máximo", escreveu na rede social X.

 A Rússia "tem de responder a perguntas sérias" sobre a morte do opositor político, declarou o secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), Jens Stoltenberg, à margem da Conferência sobre a Segurança a decorrer em Munique, na Alemanha.  

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) declarou-se "indignado" com a morte de Alexei Navalny e apelou para o "fim das perseguições" na Rússia. Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu uma "investigação completa, credível e transparente" à morte do opositor 'número um' do Kremlin, Alexei Navalny, indicou o seu porta-voz."O secretário-geral está chocado com as informações sobre a morte na prisão do opositor russo Alexei Navalny (...) e apela para uma investigação completa, credível e transparente às circunstâncias" da sua morte, declarou Stéphane Dujarric. 

Navalny era o mais forte e internacionalizado opositor do Kremlin, tendo vencido diversos prémios internacionais no âmbito da sua luta contra a ditadura russa, entre os quais o famoso e prestigiado Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento em 2021
Navalny era o mais forte e internacionalizado opositor do Kremlin, tendo vencido diversos prémios internacionais no âmbito da sua luta contra a ditadura russa, entre os quais o famoso e prestigiado Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento em 2021Foto: Mladen Antonov/AFP/Getty Images

O Presidente norte-americano, Joe Biden, manifestou-se "indignado", mas "não surpreendido", com a notícia da morte do opositor russo Alexei Navalny, pela qual responsabilizou o homólogo russo, Vladimir Putin. "Não se deixem enganar: Putin é responsável pela morte de Navalny", afirmou o chefe de Estado norte-americano, em declarações à imprensa na Casa Branca, frisando tratar-se de "mais uma prova da brutalidade de Putin". De acordo com o líder norte-americano, "Putin não visa apenas cidadãos de outros países, como temos visto o que está a acontecer na Ucrânia neste momento, mas ele também comete crimes terríveis contra o seu próprio povo".

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, considerou a Rússia responsável pela situação que levou à morte de Alexei Navalny, que, na sua opinião, evidencia "a fraqueza e a corrupção" do regime de Vladimir Putin. A vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, classificou a morte do opositor russo como "mais um sinal da brutalidade" de Putin. 

Manifestante distribui folhas contra o regime russo de Putin, em Riga, na Letónia, esta sexta-feira
Manifestante distribui folhas contra o regime russo de Putin, em Riga, na Letónia, esta sexta-feiraFoto: Gints Ivuskans/AFP

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, escreveu na rede social X: "Alexei, nunca te esqueceremos. E também nunca lhes perdoaremos". 

O Presidente da República francês, Emmanuel Macron, expressou "ira e indignação" pela morte da figura de proa da oposição russa. "Na Rússia de hoje, os espíritos livres são metidos no gulag e aí condenados à morte", condenou Macron, numa mensagem publicada na rede social X.

Alexei Navalny, de 47 anos, morreu esta sexta-feira numa prisão do Ártico para onde tinha sido recentemente transferido para cumprir uma pena de 19 anos sob "regime especial", segundo o serviço penitenciário federal da Rússia. Ter-se-á sentido mal depois de uma caminhada, entrando em paragem cardiorrespiratória. Os médicos da prisão e os dos serviços de socorro que acorreram à prisão não conseguiram reanimá-lo, indicou a direção do estabelecimento. Até ao momento, a equipa de Navalny não confirmou a informação da sua morte.

E se Putin perder a guerra?