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Movimento Hizmet receia represálias da Turquia em África

Philipp Sandner / Glória Sousa3 de agosto de 2016

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou o líder religioso turco Fethullah Gülen de ser o mentor da intentona militar. Instituições do movimento Hizmet, iniciado por Gülen, temem represálias em África.

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Recep Tayyip Erdogan (esq.) e Fethullah GülenFoto: Links: picture-alliance/dpa/AP/Pool // Rechts: Reuters/Handout

Recep Tayyip Erdogan voltou a acusar Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos, de ser o mentor da intentona militar. Ancara já pediu a extradição, mas Washington exigiu provas do envolvimento do clérigo.

Um pouco por todo o mundo, em particular em África, existem instituições de ensino do movimento Hizmet, iniciado pelo líder religioso turco. Desde 1998, o movimento já abriu 17 escolas e uma universidade em várias regiões da Nigéria.

Nas escolas não se transmite apenas conhecimento prático. “O movimento Hizmet preocupa-se com a educação e a generalização do acesso à educação como forma de pacificação da sociedade em países em conflito. É uma iniciativa local e privada que pretende abrir escolas", explicou à DW África o representante do movimento no país, Cemal Yigit.

A sua filosofia é "tornar os alunos melhores pessoas na sociedade, para contribuirem para uma sociedade melhor", afirma o responsável, que defende que "a educação vai ajudar a formar uma geração melhor preparada para entender o outro.”

Movimento Hizmet em mais de 160 países

O movimento Hizmet tem escolas e universidades em mais de 160 países. Alguns críticos acusam o movimento de promover uma educação conservadora islâmica de elite.

Uganda Kampala Yoweri Museveni und Erdogan
O Presidentes do Uganda, Yoweri Museveni (esq.) e o seu homólogo da Turquia, Recep Erdogan (01.06.2016)Foto: picture-alliance/AA/K. Ozer

Mas na Nigéria as escolas gozam de boa reputação, afirma Mainasara Umar, da Comissão Nigeriana de Formação de Professores. "O movimento é uma grande ajuda ao problema da educação, porque na Nigéria a educação está num estado lamentável", sublinha. "E quanto mais se estabelecem este tipo de instituições no país, mais desencorajamos os nigerianos a procurarem educação noutras partes do mundo".

No entanto, o embaixador turco na Nigéria apelou, na semana passada, ao Governo de Abuja para fechar as escolas, causando grande indignação no país. Para já, desconhece-se como o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, vai lidar com as preocupações do diplomata.

Somália reage

A Somália agiu rapidamente. Beneficiando de forte ajuda ao desenvolvimento da Turquia, as autoridades somalis decidiram encerrar as escolas do movimento Hizmet, horas depois do golpe falhado.

No Senegal, onde cerca de 2.600 crianças e jovens estudam nas 11 escolas do movimento Hizmet, o porta-voz das escolas, Mesut Gokcan Ates, mostrou-se otimista. Em entrevista à DW África, lembrou que desde 2013 tem havido conflitos entre o movimento Hizmet e o Governo turco e, no entanto, a Turquia nunca tentou que o Governo senegalês fechasse as escolas.

Já na Tanzânia teme-se uma intervenção turca. O grupo de escolas Feza, em Zanzibar, distanciou-se explicitamente da tentativa de golpe na Turquia. No entanto, depois de 15 de julho de Ancara suspendeu o apoio.

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Foram, entretanto, suspensas as bolsas dos estudantes do movimento Hizmet que estudam em universidades na Turquia. Com a instalibilidade no país, a estudante senegalesa Yacine Ndiaye não sabe se poderá continuar a estudar. "Não sabemos se a nossa autorização de residência será renovada. Encerraram muitas coisas. É uma situação difícil", conta.

As autoridades turcas temem que o movimento Hizmet seja utilizado como uma rede política.