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Moçambique: Destacamento militar articulado dentro da SADC

Lusa | ms
12 de julho de 2021

O ministro da Defesa moçambicano garante que o destacamento de tropas para Cabo Delgado está articulado dentro da SADC, depois de a África do Sul lamentar a chegada em primeiro lugar ao país de forças ruandesas.

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Tropas ruandesas (foto de arquivo)Foto: Getty Images/AFP/E. Musoni

"Está tudo articulado dentro da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral]", referiu Jaime Neto numa declaração aos jornalistas, no domingo (11.07), na cidade da Beira.

"A nível de militares da SADC há um planeamento operacional combinado e, naturalmente" o mesmo tipo de planeamento "bilateral pode ser mais flexível. É isso que está a acontecer neste momento com o Ruanda", disse, para justificar a chegada a Moçambique "muito antes da SADC".

Jaime Neto
Jaime Neto, ministro da Defesa de MoçambiqueFoto: Roberto Paquete/DW

Tropas ruandesas começaram a chegar por via aérea ao aeroporto de Nacala, no norte de Moçambique, na sexta-feira (09.07). Já a chegada de uma força de países da África Austral deve acontecer esta semana, na quinta-feira (15.07).

"Em relação à SADC há datas fixadas durante a cimeira", realizada no final de junho, em Maputo, "datas que estão a ser cumpridas". Um grupo de quatro oficiais do Botsuana chegou no sábado (10.07), a Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, para começar a preparar os locais de instalação das tropas e outros detalhes logísticos, acrescentou.

Críticas da África do Sul

No sábado, a ministra da Defesa da África do Sul criticou a decisão bilateral e disse  que "é de lamentar" que a chegada de tropas do Ruanda "aconteça antes de a SADC ter destacado a sua força".

Nosiviwe Mapisa-Nqakula falava em entrevista à televisão pública sul-africana SABC, referindo que "independentemente do acordo bilateral, seria expectável que a intervenção do Ruanda para ajudar Moçambique acontecesse no âmbito do mandato regional decidido pelos chefes de Estado da SADC".

Südafrika Verteidigungsminister Nosiviwe Mapisa-Nqakula
Nosiviwe Mapisa-Nqakula, ministra da Defesa da África do SulFoto: S. de Sakutin/AFP/Getty Images

O homólogo moçambicano justificou a decisão bilateral com a flexibilidade dentro do acordo com o bloco e promete upassar a dar mais informação para evitar "equívocos". 

Jaime Neto frisou que "as relações entre Moçambique e a SADC estão a atravessar o melhor momento" assim como "as relações com a África do Sul", dizendo que pode ter havido "problemas de comunicação que resultam de interpretações que suscitam algumas dúvidas" - prometendo passar a dar mais informação para evitar "equívocos".

Ruanda tem "missão específica"

Na mesma cimeira em que foi aprovada a intervenção de forças da SADC em Cabo Delgado, ficou definido que Moçambique "também era livre de contactar algum país irmão africano". O Ruanda teve um "contacto formal da SADC para poder intervir militarmente aqui em Moçambique", acrescentou Jaime Neto.

A vida dos deslocados no centro de reassentamento de Nampula

Ronald Rwivanga, coronel porta-voz das forças militares e de defesa do Ruanda, disse que o contingente de mil homens, militares e polícias, destacado para Moçambique, só voltará a casa quando o seu objetivo for alcançado.

O destacamento "não tem um prazo específico. Em vez disso, tem uma missão específica. Temos uma missão a cumprir e quando estiver cumprida voltaremos para casa", acrescentou, dizendo ser um trabalho a realizar com as forças moçambicanas e da SADC.

Missão de formação militar da UE

Esta segunda-feira (12.07), os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) devem aprovar uma missão de formação militar em Moçambique para ajudar na luta contra o terrorismo no norte do país.

A 30 de junho, os representantes permanentes dos Estados-membros junto da UE endossaram o conceito de gestão de crise da futura missão de formação militar em Moçambique e agora os chefes das diplomacias europeias deverão dar a aprovação final à missão em questão, denominada EUTM Moçambique.  

Grupos armados aterrorizam a província desde 2017. Há mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 732.000 deslocados de acordo com as Nações Unidas.