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Família de ex-deputado da RENAMO raptado recebe ameaças

Bernardo Jequete (Chimoio)
23 de dezembro de 2020

A família do antigo deputado da RENAMO Sofrimento Matequenha, recentemente raptado na sua residência em Chimoio, província de Manica, centro de Moçambique, diz estar a ser alvo de intimidações e ameaças por telefone.

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Sofrimento Matequenha foi raptado na sua residência no dia 13 de dezembroFoto: Bernardo Jequete/DW

Falando em anonimato, uma das filhas do antigo delegado político provincial da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em Manica afirma que a cor partidária do pai não pode colocar em causa a vida dos membros da família, pois o país é multipartidário e cada um é livre de abraçar qualquer formação partidária.

"Se o meu pai é da RENAMO, ou foi da RENAMO, não quer dizer que os filhos, ou irmãos ou todos os familiares são da RENAMO. Mesmo assim, só recebemos mensagens de ameaça, que dizem vamos raptar os filhos", conta a filha de Sofrimento Matequenha.

"Como é que vão raptar os filhos e familiares? Se o meu pai é da RENAMO é com eles. Onde é que entram os filhos?", insiste.

RENAMO distancia-se do ocorrido

Até ao momento, ainda não se conhecem os raptores do antigo delegado político provincial da RENAMO em Manica, que foi levado da sua casa no bairro Nhamaonha, ao início da noite do passado dia 13 de dezembro, por um grupo armado e fardado.

Mosambik Entführung Sofrimento Matequenha
Residência de Sofrimento Matequenha em ChimoioFoto: Bernardo Jequete/DW

O porta-voz do maior partido da oposição, Eduardo Leite, distancia-se do crime. "Nós não temos nenhum grupo de investigação, não temos ninguém que pode dizer isso, portanto, para acreditarmos nisso temos de ter matéria investigada e provada", justifica.

"A RENAMO e Matequenha nunca tiveram contradições. Se tinham, aqueles que têm a obrigação de investigar é que podem dizer isso, nós não temos nada", diz Eduardo Leite.

Polícia está a investigar

Quanto a uma investigação policial ao rapto de Matequenha, o chefe de relações públicas do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, Mário Arnaça, assegurou que já está a trabalhar no caso.

"Há um trabalho de fundo que está sendo feito para apurar, de facto, quem são essas pessoas, com vista ao esclarecimento desse caso", assegurou Mário Arnaça. "Estamos a trabalhar neste sentido para ver a clivagem que existe entre ele [e os membros do seu partido] e fatores que podem contribuir para este rapto."

A polícia diz que ainda não tem pistas, mas assegurou estar a trabalhar para resgatar Sofrimento Mataquenha e deter os seus raptores.

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