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Moçambique no topo da lista da caça furtiva de rinocerontes na África do Sul

Cristiane Vieira Teixeira5 de julho de 2013

O Parque Nacional Krüger, na África do Sul, que deveria ser um santuário para rinocerontes, tornou-se num ponto de abate e, na maioria dos casos, os caçadores ilegais são moçambicanos, revela um estudo da WWF.

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Rinocerontes no Parque Krüger, na África do SulFoto: AP

Na África do Sul, vivem cerca de75% dos rinocerontes do mundo. O animal, um dos símbolos do continente africano, é uma das maiores atrações para os turistas que visitam o Parque Nacional Krüger, na fronteira com Moçambique

Só nos primeiros seis meses deste ano, 461 rinocerontes foram caçados ilegalmente na África do Sul. Destes, 288 foram mortos dentro do Krüger, onde deveriam estar protegidos. O local tem uma extensa fronteira aberta com Moçambique. Segundo os dados da organização de conservação da natureza WWF, a maior parte dos caçadores de rinocerontes no local é proveniente de Moçambique.

“Moçambique é simplesmente um país muito mais pobre e por isso caçadores vêm com frequência de Moçambique. Eles são atraídos por grupos criminosos do Extremo Oriente, porque há menos oportunidade de ganhar dinheiro nesta parte do país”, revela a porta-voz da WWF de Berlim. Segundo Sylvia Ratzlaff, “barões da caça furtiva asiáticos aproximam-se da população e pedem dicas sobre como poderão encontrar rinocerontes.”

Punição mais severa

Desde 2008, 280 moçambicanos foram apanhados em flagrante e das 36 prisões realizadas este ano no Parque Krüger, 30 eram cidadãos moçambicanos. Para tentar colocar um ponto final nesta situação, a segurança foi reforçada no Parque Nacional Krüger e o governo da África do Sul tem vindo a pôr em prática medidas de punição mais severas.

Recentemente, dois cidadãos moçambicanos foram sentenciados a 15 anos de prisão. “Através de penas tão duras, a África do Sul tenta criar uma ameaça para que as pessoas realmente tenham medo de ser presas”, explica Sylvia Ratzlaff.

Não é apenas o turismo na África do Sul que pode ficar prejudicado pela caça furtiva ao rinoceronte, um dos cinco animais africanos que mais atraem visitantes ao continente. Segundo a porta-voz da WWF, também Moçambique pode sair prejudicado. “Uma vez que em países com muita caça furtiva há uma situação económica e politicamente instável, simplesmente porque são poderes criminosos e a disseminação da criminalidade é um fator desestabilizador”, afirma.

Medidas do Governo moçambicano

Também por isso, espera-se que o Governo moçambicano tome providências. Além de medidas educativas, como a consciencialização da população sobre os riscos e as consequências desta ação criminosa, a WWF refere ainda à necessidade de implantar medidas que impulsionem a economia local.

“As pessoas que apoiam os caçadores em Moçambique, fazem-no porque têm muito poucas perspectivas económicas”, justifica Ratzlaff, que defende a criação de empregos na região. Ao mesmo tempo, acrescenta, é preciso “aumentar e pôr em prática as penas para a caça furtiva e ainda formar os políicas adequadamente.”

Por isso, a porta-voz da WWF de Berlim adverte que o problema pode criar uma tensão política entre os dois países. Ainda assim, Sylvia Ratzlaff acredita que os governos da África do Sul e de Moçambique certamente já estão a conversar sobre o tema. “Este é naturalmente um processo longo, como em muitos temas políticos. Acredito que a pressão irá aumentar cada vez mais, enquanto os números da caça furtiva não diminuírem”, conclui.

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Rinocerontes na fronteira entre Moçambique e a África do Sul - um quilograma de corno de rinoceronte custa cerca de 70 mil dólaresFoto: ALEXANDER JOE/AFP/Getty Images

Moçambique no topo da lista da caça furtiva de rinocerontes na África do Sul

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Soldado sul-africano patrulha na fronteira com Moçambique para proteger o Parque Nacional Krüger de caçadores furtivosFoto: STEPHANE DE SAKUTIN/AFP/Getty Images
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