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Portugal defende missão de treino da UE em Moçambique

Lusa
18 de dezembro de 2023

Ministra da Defesa de Portugal defende continuidade da Missão de Treino da UE em Moçambique. Com mandato de dois anos, a missão já formou 60 instrutores e forneceu 80 milhões de euros em apoio.

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A atual missão é constituída por um contingente de 117 pessoas, 65 das quais de Portugal, país que também assumiu o comando da EUTM-MOZ.Foto: FLORENT VERGNES/AFP/Getty Images

A ministra da Defesa de Portugal, Helena Carreiras, defendeu hoje, em Maputo, a continuidade da Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ, na sigla em inglês), considerando fundamental a consolidação do trabalho já realizado.

 "Continuamos a partilhar da ideia de que há que dar uma continuidade a esta missão que está em fase agora de reavaliação (...) Já temos vindo a trabalhar com os nossos parceiros, partilhando aquela que é também a posição de Moçambique, no sentido de que esta missão tenha uma continuidade, seja nestes moldes ou em moldes revistos", declarou Helena Carreiras, à margem de uma reunião com o ministro da Defesa moçambicano, Cristóvão Chume, no âmbito da visita de trabalho que realiza a Moçambique.

Com um mandato de dois anos, iniciado em setembro de 2022, a EUTM-MOZ vai avaliar até ao final deste ano, com as autoridades moçambicanas, o futuro da sua presença em Moçambique, tendo já formado cerca de 60 instrutores moçambicanos que vão continuar o treino de forças especiais, sobretudo para militares na linha frente no combate aos rebeldes em Cabo Delgado, no norte do país.

Além de proporcionar treino operativo para a formação de forças de reação rápida (QRF, na sigla em inglês), a EUTM-MOZ tem também fornecido equipamento de combate aos membros dessas unidades, ultrapassando já 80 milhões de euros o valor do apoio material prestado.

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"Mas o mais importante é mesmo que todos entendemos e acreditamos que (...) há que capitalizar e aproveitar o esforço que foi já investido na formação de 11 companhias, ampliando esse trabalho, na área da consolidação e da manutenção deste ciclo operacional, quer do ponto de vista da formação, quer do próprio equipamento", declarou Helena Carreiras.

O mandato da EUTM-MOZ previa a formação de 11 unidades de QRF moçambicanas, sendo que cada uma tem uma composição equivalente a uma companhia militar.

Portugal no comando

A atual missão é constituída por um contingente de 117 pessoas, 65 das quais de Portugal, país que também assumiu o comando da EUTM-MOZ.

"Vamos continuar a apoiar a perspetiva de uma renovação ou revisão desta missão para aproveitar o trabalho que tem sido desenvolvido", reafirmou a governante.

Segundo o ministro da Defesa moçambicano, a situação no terreno mostra progressos, com as forças governamentais a controlarem as áreas mais afetadas pelos ataques rebeldes em Cabo Delgado.

"Para nós, o barómetro da estabilidade em Cabo Delgado é a quantidade de pessoas que estão a retornar às suas zonas de origem (...) ", afirmou Cristóvão Chume, destacando ainda a abertura de Portugal quando Moçambique pediu apoio internacional.

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"Reiteramos a nossa gratidão ao esforço internacional que tem sido empreendido para apoiar Moçambique no combate ao terrorismo. (...) Portugal foi um dos primeiros países a aparecer no terreno, quando Moçambique pediu apoio internacional e iniciou a preparação das companhias de fuzileiros e dos comandos", declarou Chume.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico e seus afiliados.

A insurgência levou a uma resposta militar, apoiada desde julho de 2021 pelo Ruanda e pela SADC, que permitiu libertar distritos junto aos projetos de gás, tendo surgido entretando novas vagas de ataques a sul de região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.

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