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Moçambique: RENAMO distancia-se de ataques armados

29 de outubro de 2019

Em entrevista à DW, Ossufo Momade afirma que a "RENAMO não está por detrás desses ataques" e que "não os assume". "É da inteira responsabilidade do Estado moçambicano investigá-los", acrescenta o líder da oposição.

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Mosambik: Ossufo Momade, Chef der größten Oppositionspartei RENAMO
Ossufo Momade, líder do maior partido da oposição em MoçambiqueFoto: Getty Images/A. Barbier

Nas últimas semanas, têm-se intensificado os ataques armados na região centro de Moçambique. Esta terça-feira (29.10), um ataque a um posto policial em Metuchira, província de Sofala, provocou a morte de um agente daquela força de segurança. Este foi o segundo ataque contra a Polícia no prazo de uma semana, depois de um agente ter sido abatido, na quarta-feira passada, numa zona no limite entre os distritos de Nhamatanda e Gorongosa. 

Em declarações à imprensa a semana passada, a polícia disse supor que os autores do ataque de Sofala seriam guerrilheiros dissidentes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), chefiados por Mariano Nhongo, que já negou o envolvimento do grupo.

Entretanto, em conferência de imprensa, esta terça-feira (29.10), a Polícia da República de Moçambique afirmou "ter conhecimento que foram homens armados da RENAMO que atacaram o posto policial de Metuchira [em Nhamatanda]".

Moçambique: RENAMO distancia-se de ataques armados no centro do país

Também esta terça-feira (29.10), em entrevista à DW África, Ossufo Momade, líder do maior partido da oposição, negou que os ataques estejam a ser perpetrados pelo seu partido e asseverou que a "RENAMO não voltará a "recorrer às armas". Ossufo Momade lembrou também que, após a assinatura do acordo de paz e reconciliação nacional, em agosto deste ano, a RENAMO tem um compromisso a defender para com o povo moçambicano e o país.

DW África: Desde que anunciaram os resultados das eleições, os ataques têm-se intensificado na região centro do país. A RENAMO está por detrás desses ataques?

Ossufo Momade (OM): A RENAMO assinou o acordo de cessação das hostilidades no dia 1 de agosto, e no dia 6 [de agosto] assinámos o acordo de paz e reconciliação. Isto para dizer que a RENAMO não está por detrás desses ataques e que não os assumimos, na medida em que temos compromissos para com os moçambicanos e com o país. É da inteira responsabilidade do Estado moçambicano investigar esses ataques, que não têm nada a ver com a RENAMO. Nós condenamo-los, na medida em que não gostaríamos de ver o povo moçambicano a sofrer com ataques, como aconteceu no passado. Nós não fazemos parte desse grupo.

DW África: Em circunstância alguma a RENAMO ponderaria regressar às matas...

OM: Em nenhum momento dissemos isso. Nós estamos a cumprir aquele que foi o compromisso que assumimos no dia 6 de agosto, quando assinámos o acordo de paz e reconciliação. Aconteceu o que aconteceu, não tem nada a ver com os disparos que estão a acontecer neste momento. O povo moçambicano é que pode assumir a grande responsabilidade, porque foi o povo que foi votar. Por isso, a RENAMO nunca vai recorrer às armas.

DW África: A RENAMO domina boa parte daquela região centro. Saberá, eventualmente, quem são as forças que estão a fazer os ataques?

OM: Não é da nossa responsabilidade. Essa responsabilidade é do Estado moçambicano, ele é que tem de fazer a diligência e descobrir, atavés dos seus serviços, quem é o autor dos ataques. A RENAMO cessou as hostilidades e assinou o acordo de paz e reconciliação. A partir daquele dia 6 de agosto, não temos responsabilidade de qualquer sujeito que dispare contra qualquer viatura. Distanciamo-nos desses ataques.

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África