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Moçambique: RENAMO propõe negociação com insurgentes

12 de março de 2019

Em Moçambique, a RENAMO defende que o Presidente Filipe Nyusi deva dialogar com insurgentes na província de Cabo Delgado. Mas, antes de dialogar, é preciso saber quem está por trás dos ataques. 

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Mosambik, Macomia: Mucojo village had houses destroyed by armed groups
Ataques em Cabo Delgado causam instabilidade desde 2017. Foto: Privat

Em Moçambique, o partido Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) defende que o Presidente da República, Filipe Nyusi, deva dialogar com os insurgentes que têm semeado terror em cinco distritos da província de Cabo Delgado. Mas, antes de dialogar, é preciso saber quem está por trás dos ataques. 

A RENAMO em Cabo Delgado diz que é preciso encontrar o rosto que está por trás dos ataques em vários distritos da província, no norte de Moçambique, para conversar. Singano Assane, chefe do departamento da Administração Pública, Poder Local e Tradicional na delegação provincial da RENAMO, considera que, se o Governo continuar a gerir o dossier dos ataques como tem feito até aqui, os efeitos podem ser desastrosos.

Por isso, acredita ser preciso mudar de estratégia, pois, segundo afirma "isso não passa de uma guerra e, se é uma guerra, tem o seu líder. É esse que tem de ser perseguido, e questionado sobre o que pretende e qual é o problema, para que possa ser resolvido".

"Esforços redobrados"

Mosambiks Präsident Filipe Nyusi
O Presidente moçambicano, Filipe NyusiFoto: privat

A instabilidade alastra-se desde 2017 em aldeias dos distritos de Macomia, Palma, Mocímboa da Praia, Nangade, Quissanga e, recentemente, nas cercanias da Ilha do Ibo - local que tem servido de refúgio para as comunidades fustigadas pelos ataques dos insurgentes. Estima-se que tenham morrido mais de 100 pessoas, incluindo residentes, membros das forças de segurança e alegados agressores.

Recentemente, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu às Forças de Defesa e Segurança para "redobrarem os esforços" no combate aos grupos armados. Até agora, cerca de 200 pessoas foram detidas, acusadas de estarem ligadas aos ataques.

Singano Assane, membro da RENAMO, defende a necessidade de se trabalhar inteligentemente com os presos. "Há pessoas nas cadeias que talvez saibam alguma coisa. Se os que estão na cadeia não conhecem sobre o assunto, então são inocentes. Se não o são, devem possuir informações importantes", explica.

Negociação pacífica

Segundo este responsável da RENAMO, a negociação pacífica é uma forma viável de acabar com qualquer conflito, independentemente das diferenças entre as partes. Para sustentar o seu argumento, Assane cita os consensos alcançados ciclicamente entre o Governo da FRELIMO e o partido do qual é membro, RENAMO, desde a assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992.

Moçambique: RENAMO propõe negociar com insurgentes de Cabo Delgado

"Este problema está a crescer e o povo, a quem [o Governo] chamou de seu patrão, está a sofrer", diz Singano Assane, alertando ao chefe de Estado que leve a sério a capacidade organizacional dos insurgentes e, deste modo, negocie com os mesmos o fim dos ataques.

Questionado pela DW África sobre de que forma a RENAMO poderia ajudar na resolução do fenómeno da instabilidade em Cabo Delgado, Singano Assane respondeu que "a RENAMO, como um partido político, nunca pode resolver uma questão de um outro Governo dentro do mesmo país. Se o Presidente da República precisar da ajuda, pode negociar com o nosso líder, Ossufo Momade. Os conselheiros não podem ser apenas do seu partido, há pessoas que poderiam aconselhar. O falecido Afonso Dhlakama sempre aconselhou [Armando] Guebuza", concluiu.