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Petróleo: Sasol abandona projeto em Moçambique após críticas

16 de julho de 2020

A multinacional Sasol abandonou o projeto para explorar petróleo e gás no bloco 16/19 em Inhambane e em Sofala. Centro de Integridade Pública (CIP) diz que projeto não era viável e operadores turísticos falam em alívio.

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Fábrica da Sasol em InhambaneFoto: DW/L. da Conceição

Desde 2005, a multinacional Sasol detinha uma licença para a prospeção de hidrocarbonetos (petróleo e gás) ao longo da zona do arquipélago de Bazaruto, em Inhambane, e parcialmente na província de Sofala. Mas no âmbito das consultas públicas sobre o impacto ambiental do projeto, houve protestos por parte da população, dos operadores turísticos e a da sociedade civil que se mostraram indignados porque o plano não beneficiava a comunidade local.

"A própria Sasol mencionou que uma das grandes causas está relacionada com questões ambientais", afirma Inocência Mapisse, do CIP. "A outra causa que se advoga é que a Sasol estava com alguns problemas financeiros porque realizou alguns investimentos por via de endividamento e atualmente não permitiam à Sasol avançar com o projeto porque não se apresentava potencialmente viável", explica a investigadora.

Cipriano Neto, um operador turístico em Bazaruto, disse à DW África que o projeto da Sasol só poderia danificar o ecossistema, causando o desaparecimento de muitas espécies marinhas que servem de cartão de visita para o turismo na região. 

"São elas que fazem com que os turistas de todo mundo venham para aqui ver e conviver em paz. E assim que terminar esta pandemia os nossos clientes hão-de ter vontade de regressar e fazer o turismo avançar o nosso país. Aquele é o santuário de animais que já estão em extinção", sublinha.

Sasol Mosambik
Habitantes e operadores turísticos já tinham alertado que o projeto iria destruir o ecossistemaFoto: DW/L. da Conceição

Biodiversidade em risco

Ilídio Wamusse, representante da African Park, uma organização vocacionada para a preservação do meio ambiente em Bazaruto, explica que o bloco 16/19 onde a Sasol pretendia implantar o projeto danificaria a biodiversidade.

"É uma área que coincide com uma zona que o plano de maneio do parque nacional do arquipélago de Bazaruto propõe que seja uma área de proteção ambiental por causa das condições em que a principal espécie de proteção costuma imigrar para aquela região, os danos poderia afectar esta biodiversidade que estamos a proteger", diz.

A DW África tentou, sem sucesso,ouvir o Governo e a Sasol sobre a decisão do abandono do projeto de pesquisa de petróleo e gás.

Inocência Mapisse, do CIP, alerta que não basta cancelar o projeto: "O que deve ser monitorizado é se, de facto, a licença será devolvida ao Governo, como é que isso se vai fazer e quais são os documentos que comprovam esta devolução do bloco 16/19."