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Muito por fazer nos 15 anos de paz em Angola

José Adalberto (Huambo)
4 de abril de 2017

Ministro João Lourenço lembrou progressos em Angola, mas admite que Governo está longe de satisfazer todas as necessidades da população. Oposição critica papel de destaque do governante nas cerimónias dos 15 anos de paz.

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Foto: picture alliance/dpa/R. Jensen

A paz trouxe muito a Angola, referiu esta terça-feira (04.04.) o ministro da Defesa João Lourenço, na província do Huambo.

A assinatura, a 4 de abril de 2002, do Memorando de Entendimento de Luena entre as forças governamentais e da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), permitiu a circulação de pessoas e bens no país e a reconstrução das infraestruturas destruídas pela guerra, destacou o governante. Além disso, possibilitou avanços nos setores da educação e da saúde, sublinhou Lourenço, em representação do Presidente José Eduardo dos Santos.

Mas o ministro reconheceu que o Governo angolano está longe de satisfazer todas as necessidades da população.

"O Executivo, liderado por Sua Excelência, o Preisdente José Eduardo dos Santos, tem vindo a trabalhar no sentido de melhorar as condições dos angolanos, estando ciente, porém, que estamos longe de satisfazer as necessidades da grande maioria da população, devido, por um lado, ao elevado crescimento demográfico, agravado com a crise resultante da baixa dos preços do nosso principal produto de exportação, o petróleo", disse João Lourenço no ato central alusivo aos 15 anos de paz em Angola.

Muito por fazer nos 15 anos de paz em Angola

Em ano de eleições gerais, a que João Lourenço se candidata como cabeça de lista do partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o governante apelou ao civismo.

"Exortamos a todos os atores políticos, aos partidos políticos e ao povo em geral, a participar desta grande festa da democracia com civismo e alto sentido de responsabilidade", rematou.

Oposição critica Lourenço como anfitrião

Os partidos na oposição representados no Huambo também destacaram os ganhos para o país nos últimos 15 anos de paz, nomeadamente a livre circulação de pessoas e bens, tal como a reconstrução das infraestruturas demolidas durante o conflito armado. Não deixam, no entanto, de tecer duras críticas ao facto de o Presidente da República ter indigitado João Lourenço para o representar nas comemorações.

"Ele não veio só para dirigir este ato, veio também para mostrar a sua cara como candidato a Presidente da República", afirmou António Soliya, secretário provincial do Partido de Renovação Social (PRS). "Seria bom que tivesse sido indicada outra pessoa – o MPLA tem muitas figuras, ou então o vice-Presidente da República – para dirigir um ato como este."

"Para nós, a indicação de João Lourenço é intencional", declarou igualmente o secretário da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) no Huambo, José Gomes. "O MPLA adotou esta estratégia, aproveitando todos os factos políticos para fazer passar a imagem do seu candidato em todas as províncias."

Almeida Chilunga, secretário da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE) no Huambo, também não gostou da indicação de João Lourenço para dirigir o ato central das comemorações, lamentando que se aproveite a efeméride do 4 de Abril para fins partidários: "Devia ser uma pessoa muito diferente de João Lourenço, porque [ele] vem exatamente para poder projetar a sua imagem como candidato do MPLA. Isto não faz nada bem em democracia", concluiu.

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