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PolíticaMyanmar

Myanmar: Mais de 500 mortos em protestos

DW (Deutsche Welle) | Lusa
30 de março de 2021

Aumentou para 510 o número de vítimas mortais da repressão militar em Myanmar contra os manifestantes que protestam contra o golpe de 1 de fevereiro, revelou a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos.

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Foto: AP Photo/picture alliance

O novo balanço da Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP) tem em conta as vítimas mortais no último sábado (27.03), com pelo menos 110 mortos, incluindo sete menores, na sequência da repressão de manifestações em pelo menos 40 localidades.

A ONU também estima que pelo menos 107 pessoas morreram no sábado, durante manifestações pró-democracia que coincidiram com o tradicional "Dia das Forças Armadas", celebrado tradicionalmente como uma demonstração de força por parte dos militares e que culminou numa grande parada em Naypyidaw, a capital administrativa do país. 

A organização não-governamental (ONG) birmanesa AAPP disse ter verificado a morte de pelo menos 510 pessoas, incluindo estudantes e adolescentes, indicando que o balanço "é provavelmente mais elevado".

Apesar da repressão, os manifestantes voltaram a sair às ruas na segunda-feira (29.03), dia em que foram mortas 14 pessoas, segundo a ONG.

ONU condena violência "absolutamente inaceitável"

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou esta segunda-feira (29.03) a violência "absolutamente inaceitável" registada em Myanmar no último fim de semana, o mais sangrento desde o golpe militar.

O Reino Unido pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, o órgão máximo das Nações Unidas), para a próxima quarta-feira.

Myanmar Monywa | Proteste gegen Militärregierung
Desde o golpe, a junta militar já prendeu mais de três mil pessoasFoto: AFP

Os 15 membros do Conselho de Segurança vão iniciar a sessão, que vai decorrer à porta fechada, com um briefing sobre a situação naquele país pela enviada da ONU, Christine Schraner Burgener, segundo indicaram fontes diplomáticas, citadas pelas agências internacionais.

A situação em Myanmar tem suscitado a condenação da comunidade internacional e desencadeado sanções visando a junta militar birmanesa. Os Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia (UE) decretaram sanções visando altas patentes das forças armadas birmanesas.

Grupos étnicos fazem ultimato à junta militar

Três dos principais grupos étnicos armados da antiga Birmânia fizeram hoje um ultimato à junta militar, ameaçando anular o seu acordo de cessar-fogo se as mortes de manifestantes continuarem no país.

O Exército Arakan (AA), o Exército de Libertação Nacional de Taang e o Exército da Aliança Democrática Nacional de Myanmar, que assinaram uma declaração conjunta, alertaram que, se o exército birmanês não parar com as ações violentas e não atender às demandas da população, os grupos étnicos colaborarão com os dissidentes nos protestos da chamada "Revolução da Primavera".

Se as forças de segurança "continuarem a matar civis, vamos colaborar com os manifestantes e retaliar", referem na declaração conjunta.

Os militares tomaram o poder em 1 de fevereiro por alegadas fraudes nas eleições de novembro passado, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi. A prémio Nobel da Paz foi deposta pelos militares e detida, juntamente com grande parte do Governo civil.

Desde o golpe, a junta militar já prendeu mais de três mil pessoas.

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