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Níger: segunda volta nas presidenciais?

Tiassou Kossivi / António Rocha9 de março de 2016

O Movimento Democrático Nigerino anunciou esta terça-feira que Hama Amadou não vai participar na segunda volta da eleição presidencial.

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Hama Amadou anunciou a desistência da segunda voltaFoto: Getty Images/AFP/Seyllou

Hama Amadou, ex –presidente da Assembleia Nacional do Níger e candidato escolhido pelo Movimento Democrático Nigerino (MDN) para as eleições presidenciais no país, foi um dos três candidatos a ficar apurados à segunda volta, a 21 de fevereiro. Preso desde Novembro, acusado de envolvimento em tráfico de crianças, alegou sempre a sua inocência, afirmando que é vítima de repressão política, enquanto o Governo responde que apenas aplica a lei vigente no país.

Ontem (08.03), o MDN anunciou que o seu candidato não vai participar na segunda volta da eleição presidencial, marcada para 20 de março. Segundo os analistas, esta situação aumenta a probabilidade de reeleição do presidente cessante Mahamadou Issoufou.

Em conferência de imprensa Seini Oumarou, na qualidade de porta-voz da Coligação para a Alternância Política no Níger (COPA-2016) afirmou que a oposição não participa na segunda volta da eleição presidencial.

“Reunido no seio da COPA-2016, a Coligação para a Alternância Política no Níger decide suspender a sua participação no processo eleitoral e solicita aos seus representares que se retirem da CENI, a Comissão Eleitoral Independente, e de todas as instâncias ligadas a este processo eleitoral”, afirmou Oumarou em conferência de imprensa.

Segundo a COPA-2016, todos os procedimentos legais não foram respeitados durante o desenrolar do escrutínio, nomeadamente no que concerne ao anúncio dos resultados definitivos da primeira volta feito pelo Conselho Constitucional.

“Issoufou pensa que é o mais inteligente dos nigerinos, mas não é verdade. Agora ele está em maus lençóis e estamos prontos para mostrar à opinião pública nacional e internacional que Issoufou nunca desejou a realização de umas eleições sérias e transparentes”, afirma Boubacar Moussi, advogado de Hama Amadou.

“Mas nós não podemos ser cúmplices desta atitude. E é por isso que nessas condições decidimos suspender a nossa participação no escrutínio, porque o primeiro e o segundo candidatos deveriam beneficiar de condições iguais, uma competição sã. Mas não é este o caso”, completou o advogado.

Niger Präsident Issoufou Mahamadou
O presidente cessante, Mahamadou IssoufouFoto: picture alliance/AP Photo/A. Calanni

Segunda volta continua marcada para 20 de março

O sociólogio Sani Yahya Janjouna afima que a estratégia que a oposição nigerina adotou poucos dias antes da segunda volta é algo excecional, porque ninguém esperava esta atitude. “Mas talvez tenha uma justificação, tendo em vista os resultados obtidos pelo seu adversário político na primeira volta, cerca de 49%. Sem dúvida que o candidato apoiado pela oposição não poderá conseguir, eventualmente, uma vitória. Para mim, esta situação representa uma certa imaturidade política da oposição, que deveria apresentar outros argumentos”, afirma Sani Yahya Janjouna.

Nenhum responsável da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) fez, até agora, qualquer declaração sobre a questão da realização ou não da segunda volta eleitoral, que se mantém agendada para 20 de março.

No entanto, o ministro nigerino do Interior, Hassoumi Massaoudou, confirmou à agência France Presse que a segunda volta terá lugar como previsto e criticou a oposição pelo facto de ter abandonado a corrida. “Eles não são democratas”, disse o ministro.

Mahamadou Issoufou, que obteve cerca de metade dos votos na primeira volta da eleição, a 21 de Fevereiro, sempre foi apontado como o favorito para vencer a segunda volta, com o apoio de vários pequenos partidos.

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O Presidente cessante já prometeu lutar contra os islamistas radicais e relançar a economia do Níger, um dos países mais pobres do mundo.

Recorde-se que o grupo islamista radical Boko Haram tem a sua principal base na Nigéria e atravessa regularmente a fronteira para realizar ataques em série na região de Diffa, no sul do Níger, o que levou o Governo a instaurar o estado de urgência no país.