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Nampula: Nova crise interna no MDM

Sitoi Lutxeque (Nampula)
12 de abril de 2018

Movimento Democrático de Moçambique pede demissão do edil interino ainda antes da tomada de posse do novo edil da RENAMO, alegadamente para dar lugar a outros militantes, em benefício do partido.

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Mosambik Stadtverwaltung in Nampula
Foto: DW/S. Lutxeque

O município de Nampula continua à espera da tomada de posse do novo edil, Paulo Vahanle, da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), mas já tem uma nova disputa política por resolver. A bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na Assembleia Municipal quer afastar Américo Iemenle, o presidente da Assembleia Municipal, onde tem a maioria, ainda antes da tomada de posse do novo autarca.

É uma disputa que poderá dificultar a nova gestão em Nampula e ter consequências graves para o MDM. Jamal José, chefe da bancada do MDM na Assembleia Municipal de Nampula, justifica a decisão com a "conjuntura atual" do município e do partido.

"Estamos numa fase muito complexa ao nível do município de Nampula e o partido MDM achou melhor [propor a demissão do edil interino] em termos organizacionais aliada à conjuntura política atual do partido e ao município no seu todo", afirma.

Mosambik Gemeindeversammlung Nampula
Américo Iemenle e Filomena Mutoropa, secretária-geral do PAHUMO, que concorreu à presidência da Assembleia Municipal com o atual líderFoto: DW/S. Lutxeque

Para já, Américo Iemenle não fala sobre a decisão. A DW África tentou obter um comentário, sem sucesso. No entanto, de acordo com o jornal local Ikweli, que cita fontes do MDM, Iemenle estaria a ser forçado a renunciar para dar lugar a outros militantes, em benefício do partido.

FRELIMO condena decisão

Para a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o afastamento de Américo Iemenle é ilegal. Guilherme Kulyumba, chefe da bancada da FRELIMO na Assembleia Municipal, diz que o atual edil interino tem a obrigação de empossar o novo. "Nós achamos que é ilegal, porque ele está no Conselho Municipal interinamente e tem obrigação de investir no cargo o novo presidente eleito", sublinha Kulyumba.

Luís Aristides, representante do Governo central em Nampula, também fala em irregularidades e frisa que "a renúncia, neste momento, não tem lugar". "O nosso pacote autárquico explica muito bem que o executivo tem um período de entrega do mandato e neste momento ainda é cedo para se entregar o mandato. A ter que renunciar agora estaria a violar a lei", explica.

Nampula: Nova crise interna no MDM

O MDM começou a gerir o município de Nampula em 2013. Mas a cidade teve de realizar eleições intercalares depois do assassinato do edil Mahamudo Amurane, em outubro passado, que ainda está por esclarecer. Amurane foi um dos dirigentes que entraram em rota de colisão com o partido em Nampula.

Agora, a crise no MDM pode piorar, de acordo com o diretor-editorial do Jornal Ikweli, Aunício da Silva. "A haver essa possibilidade de forçarem a renúncia do presidente da Assembleia Municipal, consequentemente edil interino, seria o pico de qualquer nível de crise institucional. Até esse ponto, o próprio MDM estaria num nível de gestão que não existe nos manuais da ciência politica e isso teria implicações graves."

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