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Nito Alves quer denunciar na ONU violações dos Direitos Humanos em Angola

Glória Sousa9 de dezembro de 2013

O jovem ativista recupera do pesadelo que viveu durante a prisão preventiva e mantém a mesma garra na contestação ao regime angolano. Recentemente, partilhou o caso na embaixada dos EUA e quer denunciá-lo na ONU.

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Foto: Maka Angola

Na origem do processo está o facto de Nito Alves ter mandado imprimir t-shirts com a fotografia do chefe de Estado angolano e com palavras “fora”, “ditador” e “nojento”.

Foi acusado de ultraje contra o Presidente da República e a 12 de setembro foi colocado em prisão preventiva. Após uma intensa ação da sociedade civil, desde 8 de novembro, o ativista aguarda julgamento em liberdade com termo de identidade e residência.

Recentemente, o angolano de 17 anos esteve na embaixada dos Estados Unidos, em Luanda. Numa reunião à porta fechada, Nito Alves expôs o seu caso ao representante dos Direitos Humanos naquela missão diplomática.
O ativista alerta para que os interesses económicos em Angola não ceguem os Estados Unidos e a comunidade internacional, em geral, perante os abusos que se vivem no país: “não podem defender as ligações económicas que têm, nomeadamente devido ao petróleo. Devem defender o povo angolano”.

Se a comunidade internacional continuar a fechar os olhos ao que se passa em Angola, em termos de Direitos Humanos, “pode haver uma insurreição popular”. Caso isso venha a acontecer “todos nós ficaremos prejudicados”, diz Nito Alves em entrevista à DW África. “Para isso não acontecer, os representantes dos Direitos Humanos têm de saber o que está a acontecer em Angola”, defende.

O caso levará Nito Alves, no próximo ano, à sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque: “vou falar sobre a minha detenção, sobre a brutalidade da polícia nacional, sobre os maus tratos do Governo angolano sobre o povo. E vou levar vídeos, imagens”, sustenta.

A aguardar a voz da justiça

De acordo com o advogado de Nito Alves, Salvador Freire, “o processo está a correr os trâmites legais junto da Procuradoria-Geral da República, que remeteu o caso ao Tribunal Provincial de Luanda, na 10ª secção”.
Ainda sem data para o julgamento, Salvador Freire acredita que o caso, pela sua polémica, será resolvido de forma célere.

O advogado mostra-se otimista com o desfecho do caso: “ele nem sequer usou as t-shirts, ele mandou confecionar as t-shirts. Portanto não consideramos aquilo como crime”.

Para um crime de ultraje ao Presidente da República, a lei estipula uma pena que pode ir até 3 anos de cadeia que pode ser convertida em multa. Mas “se houver justiça, temos a máxima certeza que o Nito Alves ficará em liberdade porque não constitui motivo para ser condenado”.

José Eduardo dos Santos Angola Präsident
Há 34 anos na Presidência, José Eduardo dos Santos é alvo de crescente contestaçãoFoto: Reuters
Angola Demonstration Opposition gegen Staatspräsident
As manifestações contra o regime são muitas vezes proibidas e reprimidasFoto: DW/N. Sul de Angola

Abusos na prisão
Nito Alves faz parte do Movimento Revolucionário que tem organizado várias manifestações de contestação ao executivo de Luanda.

Contudo, o ativista tem pago um preço alto pela sua liberdade de expressão: “sofri agressões físicas por parte da polícia de investigação criminal de Angola”, confessa na entrevista à DW África.

Nito Alves esteve detido na cadeia de Viana e na Comarca Central de Luanda. Durante o tempo de detenção ficou “duas semanas e dois dias numa cela fechado, sozinho, não tive direito a visita nem direito aos advogados”, conta.
“Não existem Direitos Humanos em Angola, principalmente na prisão, as pessoas passam o dia todo sentadas, apertadas, sem tomar banho, por semana só tomam banho uma vez e só apanham sol também duas horas, depois entram de novo para a caserna”, testemunha.

Além disso, nas cadeias há “excesso de lotação, já não espaço para receber presos, mas metem presos. Não há comida em condições, não há lençóis nem colchões. E dentro da cadeia há bastantes violações por parte da polícia dos serviços prisionais que mal trata os presos, metem droga e outros objetos aos quais, lá dentro da cadeia, nós não temos”, remata Nito Alves.

Gefängnis Luanda Angola
Direção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), LuandaFoto: António Cascais

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