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Estado de DireitoNíger

Níger: UA dá 15 dias a golpistas para voltarem aos quartéis

mjp | com agências
29 de julho de 2023

União Africana anuncia prazo de quinze dias para militares nigerinos restabelecerem "autoridade constitucional", após tomarem o poder. União Europeia suspende cooperação de segurança e apoio financeiro ao país.

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Foto de arquivo (2014): Conselho de Paz e Segurança da União Africana Foto: picture-alliance/dpa/D. Getachew

A União Africana (UA) exigiu este sábado (29.07) que os militares do Níger "regressem aos seus quartéis e restabeleçam a autoridade constitucional" no prazo de 15 dias, depois de terem tomado o poder num golpe de Estado, admitindo tomar "medidas punitivas". .

O Conselho de Paz e Segurança da União Africana "exige que os militares regressem imediata e incondicionalmente às suas casernas e restaurem a autoridade constitucional, num prazo máximo de quinze (15) dias", lê-se num comunicado divulgado após uma reunião na sexta-feira sobre o golpe de Estado no Níger.

A UA alerta que o seu Conselho de Segurança irá tomar "todas as medidas necessárias contra os golpistas, incluindo medidas punitivas", se não forem respeitados os direitos fundamentais de Bazoum enquanto preso político. 

O organismo pan-africano saudou ainda a convocação de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), no domingo, para abordar esta questão. 

Niger | General Tchiani übernimmt Macht nach Putsch gegen Präsident Bazoum
O General Abdourahamane Tchiani foi apresentado como o novo líder do NígerFoto: ORTN/Télé Sahel/AFP/Getty Images

Na quarta-feira de madrugada, um grupo de membros da Guarda Presidencial bloqueou as entradas do Palácio Presidencial. 

Nas primeiras horas da manhã de quinta-feira, anunciaram a demissão do Presidente, Mohamed Bazoum - que detiveram -, e a suspensão da Constituição, uma declaração "endossada" horas mais tarde pelo Estado-Maior do Exército.

União Europeia "não reconhecerá autoridades"

Também este sábado, o Conselho Europeu anunciou que "condena da forma mais veemente possível" a deposição do Governo eleito e do seu Presidente Mohamed Bazoum e manifestou a sua profunda preocupação com o "alarmante ressurgimento" de golpes militares em África.

"A União Europeia não reconhece e não reconhecerá as autoridades do golpe de Estado no Níger", afirmou o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, num comunicado, acrescentando que "toda a cooperação no domínio da segurança está suspensa por tempo indeterminado com efeito imediato".

Em coordenação com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, Borrell vai continuar este fim de semana os vários contactos que já estão em curso para alcançar o restabelecimento da ordem constitucional no país, declarando-se ainda pronto a apoiar qualquer decisão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), incluindo a adoção de sanções. 

Belgien EU-CELAC Josep Borrell im Gebäude des Europäischen Rates in Brüssel
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, anunciou a suspensão da ajuda ao NígerFoto: Francois Walschaerts/AP Photo/picture alliance

"Este ataque inaceitável à integridade das instituições republicanas do Níger não deixará de ter consequências para a parceria e cooperação entre a União Europeia e o Níger em todos os aspetos", acrescentou. 

Os golpistas do Níger apresentaram o golpe como uma resposta à deterioração da segurança no país.

O novo "homem forte" do Níger

Na sexta-feira, numa emissão televisiva, o general Abdourahmane Tchiani foi apresentado como "o chefe de Estado que representa o Níger nas relações internacionais".

A junta militar, que se intitula Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), anunciou a dissolução de todas as instituições previstas na Constituição, ao mesmo tempo que anunciou estar a exercer "todos os poderes legislativos e executivos" até ao "regresso à ordem constitucional normal".

Estas ações provocaram uma avalanche de condenações por parte da comunidade internacional- Nações Unidas, União Africana (UA), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Europeia (UE), Francofonia, e países como os Estados Unidos, Espanha e França - que apelaram à libertação de Bazoum e à preservação da ordem constitucional.

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