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O combate ao ébola e os heróis que ficam na sombra

Daniel Pelz/Jalloh Abu-Bakarr/GCS20 de maio de 2015

A Cruz Vermelha tem mais de 2.000 colaboradores na Serra Leoa. Semana após semana, os voluntários continuam a ir às aldeias afetadas pelo ébola. A sua mensagem é clara: a epidemia não acabou, não se pode baixar a guarda.

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Foto: Abu-Bakarr Jalloh

À primeira vista, parece ser um grupo de estudantes universitários: dez jovens, de calças de ganga, bonés e sapatilhas. Mas não. Eles são a equipa número 5 da Cruz Vermelha em Kenema, a terceira maior cidade da Serra Leoa.

Hoje, a tarefa dos dez voluntários é ir até Komende Luyama, a 40 minutos de carro da cidade. No ano passado, a aldeia foi devastada pela epidemia de ébola. Mais de 40 residentes foram infetados com o vírus, só 13 sobreviveram.

A aldeia esteve em quarentena durante meses. Os soldados proibiram os residentes de sair para que eles não espalhassem o vírus. Quem podia, evitava ir lá. Não foi o caso de Hallie James e dos colegas da Cruz Vermelha. Eles iam à aldeia, às vezes dois dias por semana, para informar os residentes sobre as melhores formas de se protegerem do ébola.

"As pessoas tinham medo de enviar casos de ébola para os centros de saúde. Elas viam os centros como uma ameaça. Mas, depois de sensibilizarmos as pessoas, isso mudou", conta James.

Manter a população informada

Agora, os voluntários vão a Komende Luyama duas a três vezes por mês. Recebem seis euros por cada dia no terreno. Eles continuam a lembrar as pessoas que não devem enterrar as vítimas de ébola sem a ajuda das autoridades. Além disso, encaminham possíveis casos suspeitos para as autoridades de saúde.

Os jovens da Cruz Vermelha também fazem visitas aos sobreviventes do ébola. Shekau Foday é um deles. "O ébola afetou-me bastante. O meu irmão e a minha cunhada morreram. Como vou tomar conta dos meus sobrinhos?", interroga-se.

A quarentena tornou essa tarefa ainda mais difícil. Os agricultores ficaram impedidos de trabalhar nos campos durante meses e muitos estão sem sementes.

Perante este cenário, ao fim do dia, deixar estas aldeias não é fácil, conta a voluntária da Cruz Vermelha, Christine Akopome.

"Não é fácil quando vou para casa", confessa. "Às vezes choro e choro por eles. Conhecemos pessoas que estão sozinhas, que perderam a mulher ou talvez o pai ou a mãe. Vejo as dificuldades por que elas estão a passar e também não é fácil para mim."

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