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O peso da África do Sul nos BRICS

Jan-Philipp Wilhelm | nn
2 de janeiro de 2018

O grupo económico formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul será liderado pelos sul-africanos este ano. Mas que importância tem o país africano neste contexto?

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Líderes dos BRICS durante cimeira em Xiamen, na China (setembro de 2017) Foto: picture alliance/ZUMAPRESS.com

Neste novo ano, os sul-africanos assumem a presidência rotativa dos BRICS, o grupo de economias emergentes composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Embora muitos analistas perguntem porque é que a Nigéria ou o Egito, que são as maiores economias africanas, não fazem parte dos BRICS, Jakkie Cilliers, chefe do Programa Africano de Inovação do Instituto de Estudos de Segurança, na África do Sul, explica que nem tudo é uma questão económica.

"Eu acho que países como a Nigéria, que agora tem uma economia maior do que a África do Sul, têm uma política externa incoerente e muitos desafios internos. Isso leva os outros BRICS a pensar que provavelmente a Nigéria tem pouco a acrescentar ao grupo", diz.

Além disso, reforça Cilliers, "há esperança numa nova liderança na África do Sul, com Cyril Ramaphosa, que foi eleito Presidente do Congresso Nacional Africano, e que pode substituir Jacob Zuma como chefe de Estado. E nesse caso teremos um novo gabinete e um novo compromisso com os BRICS. Isso será certamente algo importante para a África do Sul".

O peso da África do Sul nos BRICS

A importância dos BRICS

Os analistas não esperam grandes avanços no grupo formado pelas economias emergentes. No início da década, aqueles países juntaram-se com uma coisa em mente: protegerem-se contra potenciais atividades de espionagem da Europa e dos Estados Unidos.

Dos projetos ambiciosos iniciais, do papel saiu apenas o Novo Banco de Desenvolvimento, uma instituição financeira com sede em Shangai que pretende ser a alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional.

Apesar de muitos países e instituições considerarem os BRICS um projeto obsoleto, Jakkie Cilliers, acredita que este grupo manterá papel ativo. "Os BRICS continuam a ser importantes no cenário global do G20, porque é um contrapeso para o grupo do G7", prevê.

Em 2017, a participação destes países na economia global foi de 23,6% e em 2022 estima-se que essa quota aumente para 26,8%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas em termos populacionais, os números são mais robustos: em 2015 os BRICS representavam 41% do total da população mundial.

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Cyril Ramaphosa, na lideraça do ANC, poderá aumentar relevância sul-africana nos BRICS Foto: Getty Images/AFP/G. Khan

"Principal nação de África"

Apesar dos números, existe um grande desequilíbrio dentro dos países do grupo. Os dados económicos da China, por exemplo, correspondem a quase dois terços do desempenho económico dos BRICS.

A cada seis meses, a economia chinesa cresce o mesmo tamanho que a produção total económica da África do Sul, que contribui com cerca de 3% do desempenho económico do grupo. Mesmo assim, a África do Sul é considerada "a principal nação de África", segundo Jakkie Cilliers.

"Certamente para a África do Sul os BRICS são importantes e, se olharmos para os vários membros, todos dependeram de certa forma do peso económico da China que penso ser o parceiro comercial número um de todos", ressalta o analista, concluindo que "toda a gente tenta beneficiar dessa relação especial com a China" e que "nenhum outro compromisso fornece essa possibilidade".

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