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O que significa a saída do Mali do G5-Sahel?

Reliou Koubakin | com agências
17 de maio de 2022

O Mali saiu do grupo regional G5-Sahel e anunciou a retirada das suas tropas. Trata-se de um golpe para a organização, mas talvez também para o Mali, que se está a isolar cada vez mais.

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Patrulha militar em Gao (arquivo)
Patrulha militar em Gao (arquivo)Foto: Souleymane Ag Anara/AFP

Bamako decidiu, este domingo (15.05), retirar-se do G5-Sahel, uma organização regional de coordenação e cooperação do qual fazem parte a Mauritânia, o Chade, o Burkina Faso e o Níger.

O Mali contesta o facto de, até agora, lhe ter sido vedada a presidência da organização, criada em 2014 e que desde 2017 formou uma força conjunta antiterrorista.

O que irá acontecer após a retirada do Mali do grupo? Muitos peritos veem ia decisão como um golpe para um Sahel-G5 já em dificuldades, outros consideram que é mais um passo para o isolamento do Mali.

A versão oficial

Em comunicado, o Mali refere que alguns Estados do G5-Sahel não querem que o país  assuma a presidência da organização, que foi criada há oito anos, na Mauritânia, e da qual o país é um pilar importante.

Como vai ficar o combate ao terrorismo no Sahel?

"A oposição de certos Estados à presidência do Mali está ligada às manobras de um Estado extra-regional que procura desesperadamente isolar o Mali", alega o Governo maliano.

O mandato do Presidente chadiano terminou em fevereiro passado e a presidência rotativa deveria caber agora ao Mali.

Uma conferência de chefes de Estado do G5 do Sahel estava prevista para fevereiro, em Bamako, que deveria "consagrar o início da presidência maliana do G5", mas "quase um trimestre após a data indicada" esta reunião "ainda não teve lugar", lê-se na mesma nota.

Uma organização "instrumentalizada"

Fahiraman Rodrigue Koné, investigador sénior do Instituto de Segurança de Bamako, considera que a retirada do Mali certamente é "algo importante", mas não irá alterar "a paralisia de que a instituição tem sofrido há já vários meses".

O investigador sublinha que "o mecanismo da força conjunta já estava minado por uma crise de governação que abalou três dos cinco países que compõem a organização" - Burkina Faso, Chade e Mali, todos eles governados por uma junta militar.

Golpes militares no Mali e no Burkina Faso, dois dos cinco membros da força anti-jihadista multilateral do G5-Sahel, estão a minar a sua capacidade operacional, disse recentemente o secretário-geral da ONU, António Guterres.