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Militares ainda ocupam o centro de Moçambique?

4 de julho de 2017

Políticos e membros da sociedade civil na Zambézia defendem constituição de equipa de observadores para certificar retirada dos militares governamentais das posições ocupadas no centro do país.

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RENAMO-Basis in Inhaminga
Foto de arquivo: Uma das bases da RENAMO (Inhaminga - 2010)Foto: Gerald Henzinger

Na província moçambicana da Zambézia (centro do país), algumas vozes defendem que no âmbito do processo de pacificação de Moçambique, a retirada das forças de defesa e segurança dos locais de maior influência da RENAMO deve ser controlada por uma equipa observadores. Esta retirada faz parte do acordo estabelecido, no final de abril, entre o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, que por sua vez anunciou uma trégua ilimitada.

Recorde-se que o Presidente da República Filipe Nyusi ordenou a retirada das forças governamentais do centro do país onde se localizam as bases da RENAMO, mas ainda reina insegurança no seio dos homens do maior partido da oposição.

"Retirada já aconteceu"

No último sábado (01.07.), o ministro moçambicano da Defesa, Salvador M'Tumuke, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), anunciou que a retirada dessas forças já aconteceu e abrangeu oito posições que tinham sido ocupadas "durante a perseguição aos homens armados da RENAMO" e que constam de uma lista. Mas o ministro esclareceu que as posições das tropas antes da operação de busca não foram contempladas no plano de retirada.Em resposta, o porta-voz da RENAMO, António Muchanga, citado esta terça-feira (04.07.) pela agência de notícias Lusa, afirmou que nenhuma posição da força de defesa e segurança de Moçambique saiu das bases da RENAMO. Segundo Muchanga, todas as posições da RENAMO em Gorongosa continuam sob controlo das forças Governamentais e considerou  que o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, com quem foi negociada a saída das tropas, está a ser desautorizado.

António Muchanga
Foto: DW/Romeu da Silva

"Um Presidente da República não pode ser desobedecido pelos seus subordinados (...). Não vi o ministro da Defesa a cumprir com o que o Presidente da República lhe disse para fazer", referiu Muchanga,

Evitar a desconfiançaTambém o edil de Quelimane, Manuel de Araújo, membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não acredita nas palavras do Presidente Nyusi e diz que, para evitar a desconfiança, deve ser criado um grupo de observadores para certificar a ação da retirada dos militares da região.

Deutschland Manuel de Araújo, Burgermeister von Quelimane, Mosambik bei der DW in Bonn
Manuel de Araújo, edil de QuelimaneFoto: DW/R. Loureiro

"Enquanto os moçambicanos desconhecerem os termos deste acordo verbal fica difícil exigirmos o que quer que seja. O chefe de Estado diz que as forças já estão a retirar-se das bases da RENAMO em Gorongosa mas duas semanas depois o líder do movimento vem dizer que essas forças ainda estão lá. O problema que temos é a palavra de um contra a do outro. Não temos ninguém que possa monitorar esta retirada".

Segundo Manuel de Araújo, "o Presidente Nyusi diz uma coisa e o Dhlakama diz outra. Hoje estão a entender-se mas amanhã talvez haja confusão. Se houvesse um grupo de observadores no terreno poderia ser diferente", concluiu.

Contrariar a vontade de Nyusi?Rogério Supinho, representante das organizações da sociedade civil em Quelimane, também comunga da ideia do envio de observadores para controlarem a saída das forças de defesa de Moçambique das localidades onde se encontram as bases da RENAMO.

Mosambik Rogerio Sopinho Aktivist in Zambezia
Rogério SupinhoFoto: DW/M. Mueia

"É preciso termos a certeza de que o Presidente Filipe Nyusi está a dizer a verdade ou então vermos se do lado da RENAMO há uma desinformação. Queremos pessoas sérias da sociedade civil que deverão elaborar relatórios corretos e credíveis sobre essa retirada", afirmou.

Supinho considera, por outro lado, que " o Presidente está a dizer a verdade mas o problema é que a guerra também traz ganhos económicos para algumas pessoas em Moçambique que estão abaixo do Presidente. Acredito que podem estar a fazer precisamente o contrário da vontade do Presidente Nyusi”.

António Kussimbue, membro da Frelimo,na Zambézia desconhece os motivos que levam as pessoas a desconfiar da posição assumida pelo Presidente Nyusi sobre a retirada das forças da defesa da região."Não vejo problemas nisso. Não pode haver desconfiança sobre o que diz o Presidente da República que é o pai da nação. Mas a criação de uma equipa de observadores poderá vir de uma posição consensual porque o diálogo que estamos a ver entre o Presidente da República e o líder da RENAMO está a surtir os efeitos desejáveis. O Presidente da República está empenhado no desenvolvimento do país... então porque tanta desconfiança?"

 

04.07.2017 Retirada das forças governamentais? - MP3-Mono

Mosambik Augusto Cussumbue Mitglied FRELIMO
António Kussimbue,Foto: DW/M. Mueia


 

 

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