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Ocidente assiste impotente a violência no Egito

Heiner Kiesel / Cristina Krippahl / Agências 15 de agosto de 2013

A União Europeia e os Estados Unidos tentaram mediar uma solução pacífica para o Egito. Mas os esforços diplomáticos falharam. O Egito está a braços com a pior onda de violência desde a chamada "Primavera Árabe".

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Supporters of ousted Egyptian President Mohammed Morsi run from Egyptian security forces firing towards them during clashes in Cairo's Nasr City district, Egypt, Wednesday, Aug. 14, 2013. Egyptian police in riot gear swept in with armored vehicles and bulldozers Wednesday to clear two sprawling encampments of supporters of the country's ousted Islamist president in Cairo, showering protesters with tear gas as the sound of gunfire rang out. (AP Photo/Manu Brabo)
Ägypten Räumung des Mursi Anhänger Lagers in Kairo 14. August 2013Foto: picture alliance / AP Photo

Apesar dos mais de 500 mortos em operações das forças de segurança contra apoiantes islamistas do Presidente destituído, Mohamed Morsi, os governos ocidentais parecem não saber que atitude adotar. O Presidente norte-americano Barack Obama condenou a violência e suspendeu manobras militares conjuntas com o Egito. A Alemanha considera a situação demasiado incerta para medidas precipitadas.

"É muito cedo para tirar conclusões políticas", afirmou o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle. "Neste momento, o nosso objetivo principal é pôr cobro à violência. Há que exortar todos os lados a retomarem negociações, vamos continuar a observar a situação e deliberar consequências com os nossos parceiros."

Westerwelle acrescentou que o Governo de Berlim está profundamente preocupado com a onda de violência no Egito e que os acontecimentos não deixarão de ter repercussão sobre as relações entre a Alemanha e o Egito. Mas a declaração permanece vaga, até porque as possibilidades de ação de Berlim neste momento são limitadas. Para além de chamar o embaixador egípcio na capital alemã e reivindicar uma solução pacífica para o conflito, o chefe da diplomacia alemã propôs um encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia para planear uma ação concertada, seja ela qual for.

Guido Westerwelle Ägyütem PK in Kairo 01.08.2013
Westerwelle: "Condeno veementemente o uso de violência para desocupar as praças no Egito"Foto: Reuters

Sanções?

Há políticos alemães que levantam exigências concretas. É o caso do presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento alemão, Ruprecht Polenz, do partido da chanceler Angela Merkel, União Democrata Cristã (CDU), que sugeriu a suspensão temporária da cooperação económica e financeira com o Egito. Numa entrevista com um jornal alemão, Polenz interroga-se se face à ação violenta do Governo de transição do Cairo contra apoiantes da Irmandade Muçulmana, não se imporá uma atitude mais firme. Mas Jan van Aken, porta-voz do partido A Esquerda, na oposição parlamentar, critica as reivindicações.

"São a expressão típica de impotência", diz van Aken. "Acontece qualquer coisa num país e a primeira coisa que se faz é ameaçar com sanções. Já vimos que isso não funciona, primeiro no Iraque e agora no Irão".

Obama äußert sich zu Ägypten
Obama: "Os EUA não podem determinar o futuro do Egito. Essa é uma tarefa para o povo egípcio"Foto: Reuters

Para o político da oposição alemã, os egípcios necessitam agora de apoio e não sanções. Mas van Aken admite: "Estou farto de tentar imaginar o que faria no lugar do Governo alemão. É muito difícil. A Alemanha perdeu muito prestígio no Egito por ter apoiado o regime de Hosni Mubarak. Mas a verdade é que agora o problema reside no Egito e é lá que tem que ser solucionado."

Segundo Van Aken, a Alemanha não pode fazer muito neste momento.

Tentativas falhadas

A União Europeia também está limitada – pelo menos, é esse o parecer de muitos. As tentativas europeias de mediar um acordo entre o governo de transição e a Irmandade Muçulmana fracassaram. Isso aconteceu devido à oposição do exército, como referiu claramente Bernardino Leon, o enviado especial da União Europeia ao Médio Oriente. Mas o que fazer agora?

Elmar Brok, um político conservador alemão que preside à comissão parlamentar europeia dos Negócios Estrangeiros, propõe uma resposta: "Não podemos estar do lado do exército ou da Irmandade Muçulmana. Temos que nos posicionar junto do terceiro grupo, a maioria da população, que quer um estado secular e que juntou 22 milhões de assinaturas pela democracia."

Brok diz que é preciso que a União Europeia volte a tentar, de novo, que os militares egípcios e a Irmandade Muçulmana possam coabitar. Mas, segundo o deputado europeu, o grande problema é que nenhum dos três grupos parece estar disposto a dialogar.

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