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PolíticaAlemanha

Olaf Scholz, o social-democrata que ganhou as eleições

Sabine Kinkartz
26 de setembro de 2021

Olaf Scholz (SPD) já tem experiência no governo federal. Nos últimos anos, foi o ministro das Finanças e vice-chanceler. É conhecido pela sua agilidade na gestão de crises. Agora, conseguiu um primeiro lugar inesperado.

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Bundestagswahl 2021 | Wahlparty der SPD
Olaf Scholz festeja a vitória na noite eleitoralFoto: Britta Pedersen/dpa/picture alliance

O Partido Social-Democrata (SPD) nomeou Olaf Scholz como candidato à chancelaria federal há mais de um ano. Na altura, o anúncio da candidatura surpreendeu, até porque, meses antes, Scholz perdera a corrida à liderança do partido. Mas o social-democrata já enfrentara muitas tempestades ao longo da sua longa carreira política.

Foi essa experiência que fez com que brilhasse durante a crise da Covid-19: como ministro das Finanças, foi Scholz que supervisionou a entrega de milhares de milhões de euros em fundos de emergência para estimular a economia e ajudar os muitos cidadãos alemães que, de um dia para o outro, ficaram sem emprego ou tiveram de fechar as portas às suas empresas por causa do confinamento.

"Esta é a bazuca que precisamos para fazer esse trabalho", anunciou Scholz, com um misto de confiança e frieza. "Estamos a colocar todas as nossas armas em cima da mesa para mostrar que somos fortes o suficiente para responder a qualquer desafio económico que este problema nos possa colocar."

Em tempos de crise, o pragmatismo costuma ser mais recompensado do que o carisma, e isso tem jogado a favor do social-democrata, de 63 anos de idade.

O "Scholzomat"

O carisma nunca foi um ponto forte de Olaf Scholz. Em 2003, o semanário alemão "Die Zeit" apelidou-o de "Scholzomat" - uma palavra composta com o seu nome e a palavra "Automat", que significa em português "máquina automática" ou "autómato" - por causa da tendência do político para usar muito jargão técnico.

Uma das grandes tarefas dessa "máquina": continuar a vender as políticas do SPD.

Union-Kanzlerkandidat Armin Laschet | Wahlplakat
Armin Laschet (CDU/CSU, à esq.), o grande rival de Olaf Scholz nestas eleiçõesFoto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

Tudo começou no ano 2003 com a chamada "Agenda 2010", uma a polémica reforma do mercado de trabalho, que significou duros cortes para muitos beneficiários de assistência social. Scholz viu-se obrigado a defender a reforma tanto fora, como dentro do partido: "Fui a pessoa encarregada de vender a ideia. Tive de demostrar uma certa implacabilidade", recordou Scholz mais tarde, acrescentando que, "não havia margem de manobra".

O político disse que o que preocupava, na altura, era a necessidade de demonstrar "lealdade absoluta" ao então chanceler e líder do SPD, Gerhard Schröder, tal como ao próprio partido.

"Não estava a tentar salvar-me a mim próprio, mas ao meu partido."

Luta pela aceitação

Os esforços falharam, o SPD perdeu a chancelaria para a CDU. Mas Olaf Scholz ganhou uma reputação de que dificilmente se livrou: de um burocrata chato e desmancha-prazeres.

Dentro do SPD, muitas pessoas tiveram dificuldade em aceitar este político pragmático, despretensioso e bastante reservado, que nunca diz mais do que o estritamente necessário.

Mas Scholz manteve-se firme na sua rota, conquistando sucesso atrás de sucesso, sem grandes alaridos. Foi secretário-geral do SPD, ministro do Interior estadual e primeiro-ministro da cidade-estado de Hamburgo; atualmente, é ministro das Finanças e vice-chanceler alemão.

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Olaf Scholz é conotado com a ala conservadora do SPD, embora seja difícil dizer se as suas ideias são mais de direita ou de esquerda. Enquanto foi chefe-adjunto do braço juvenil do partido, os Jusos, muitas das suas ideias poderiam ser consideradas socialmente radicais, com fortes críticas ao capitalismo.

Mas já passou muito tempo desde que Scholz se juntou ao SPD em 1975, quando ainda andava na escola secundária, e desde que foi eleito pela primeira vez para o Parlamento federal, em 1998.

Nesses anos, Scholz tinha um escritório de advocacia em Hamburgo e especializou-se em Direito Empresarial, aprendendo bastante sobre empreendedorismo e sobre o funcionamento da economia. Tudo isso deixa marcas.

Olaf Scholz durante a campanha eleitoral
Olaf Scholz durante a campanha eleitoralFoto: Swen Pförtner/dpa/picture alliance

A simpatia de Scholz

Demorou até Olaf Scholz perceber que a política - mais do que defender ideias - também pode ser uma arte de fazer passar a mensagem e convencer outras pessoas de que as suas ideias são as corretas.

Durante a corrida à liderança do SPD, no final de 2019, o ministro das Finanças mostrou um outro lado - estava mais acessível e, sobretudo, parecia mais simpático. Mas o político perdeu para a dupla Saskia Esken e Norbert Walter-Borjans, declaradamente de esquerda.

Ainda assim, Scholz não cambaleou. Focou-se no trabalho no Governo federal e desimpediu o caminho para os novos líderes do SPD. Continuou leal e nunca lhes tentou tirar o tapete, convencido de que a nova liderança - com menos experiência do que ele - mais tarde ou mais cedo poderia escorregar por si própria.

Nos meses que se seguiram à nomeação como candidato a chanceler, Scholz evitou erros. Em agosto, a sua popularidade começou a aumentar. Scholz apresentou-se aos eleitores como uma "âncora de estabilidade" - um termo usado até aqui para descrever a chanceler do partido rival, Angela Merkel.

Com o resultado alcançado na noite eleitoral, Scholz está na melhor posição de ser o sucessor de Angela Merkel como chanceler da Alemanha. Mas ele ainda precisa de convencer os Verdes e os liberais do FDP para formar uma coligação para ganhar a maioria necessária no parlamento para ser eleito como próximo chanceler. 

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